O filho eterno
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A rotina é uma máquina extraordinária de estabilidade e a condição básica de maturidade emocional e social
Ele prefere a suavidade do humor ao ridículo do amor, mas disso não sabe ainda, pernas muito fracas para o peso da alma.
A morte são sete dias de luto, e a vida continua. Agora, não. Isso não terá fim.
A vergonha. A vergonha — ele dirá depois — é uma das mais poderosas máquinas de enquadramento social que existem.
Nada do que não foi poderia ter sido. Não há outro tempo sobre esse tempo. Amanhã
A vergonha regula do catador de lixo ao presidente da República.
Agora é com você. Sente aquele ridículo espasmo na garganta, o corpo exigindo o choro e ele se negando esse direito. Ele para no meio da rua, o sentimento de vergonha, o dia está claro demais — alguém percebeu que ele está chorando, e isso lhe dói. Dá meia-volta, pega outra rua, e outra, mas todas não levam a lugar nenhum.
O inesgotável poder da mentira se sustenta sobre o invencível desejo de aceitá-la como verdade.
rotina é uma máquina extraordinária de estabilidade e a condição básica de maturidade emocional e social —
Um filho é a ideia de um filho; uma mulher é a ideia de uma mulher. Às vezes as coisas coincidem com a ideia que fazemos delas; às vezes não. Quase sempre não, mas aí o tempo já passou, e então nos ocupamos de coisas novas, que se encaixam em outra família de ideias.
filho será a prova definitiva das minhas qualidades, quase chega a dizer em voz alta, no silêncio daquele corredor final, poucos minutos antes de sua nova vida.
se preocupa vagamente com o destino da universidade pública brasileira em assembleias quase sempre agitadas por bandeiras ineptas, profissionalizadas pela truculência sindical, e por professores incompetentes. Confere o contracheque no final do mesmo mês em que fez greve, assiste com algum entusiasmo às conquistas da Constituinte de 1988, tentando não pensar muito no papel dos que voejam em torno do púlpito do Jornal Nacional, à noite, todas as velhas figurinhas carimbadas da época da ditadura, aquela altissonância ridícula dos discursos, todos eles, à esquerda e à direita — palavras que há décadas já não significam nada (e isso até é bom, ele concede) —, aparentemente em torno de coisa alguma. Não exatamente: ainda que para o país tudo tenha dado errado, todos sabiam muito bem o que queriam, e o conseguiram de fato, ele se espantará, anos depois. O único idiota ali era ele, parece — mais que o filho, que, afinal, não tem o dom de compreender. Os “pactos nacionais” que surgem de seis em seis meses são sempre
A ideia do tempo — não, a presença física do tempo mesmo — só é percebida integralmente quando o próprio tempo, de fato, começa a nos devorar. Antes disso (ele divagará anos depois), o tempo é a marcação do calendário e mais nada; durante um bom período da vida parece que há uma estabilidade, uma espécie tranquila de eternidade que escorre em tudo que pensamos e fazemos. Derrotamos o tempo; corremos mais rapidamente que ele.