Para a mulher que não é respeitada como pessoa e para os homens que não podem viver em uma sociedade tão mutiladora
O filho renegado de Deus, novo romance de Urariano Mota, faz uma denúncia e uma longa oração de amor para as mulheres vítimas da opressão cultural e de classes no Brasil. Para isso, tece histórias e personagens que trafegam por realidades sociais e políticas diferentes entre si, aprofundando o efeito devastador das injustiças e dos preconceitos sobre a humanidade.
O romance traz as lembranças de Jimeralto sobre a falecida mãe, após um encontro que o faz reviver o trauma pela perda. As memórias do protagonista passeiam, de modo refinado, pelos personagens da vila miserável onde ele vivia quando jovem, quase um cortiço, com descrições de episódios e de personagens que não temem momentos de adversidade.
Além da narrativa afiada e sofisticada, um dos pontos fortes do livro são os personagens marcantes, como o casal Esmeralda, mulher bonita que todos cobiçam, e Cicílio, candidato a corno, além do seu filho Nininho, que sofre com a popularidade da mãe; as muitas Marias, identificadas pela letra que marca a casa; e Selma, primeiro amor de Jimeralto.
Neste romance, o ajuste, o coração e o lirismo andam juntos, unidos, porque o livro pune e desnuda. O cotidiano da vila e de seus moradores envolve o leitor e o conquista pelo seu conteúdo humano e dramático.
O filho renegado de Deus
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