"Naquela diferença temporal entre dimensões - alguns segundos para os dois homens, alguns minutos para Catarina -, ela vê um vulto negro subir aquela escadaria interna até se deter no patamar do 1.º piso, virando-se para ela... Uma figura sem rosto, preenchendo o seu lugar um negro vazio. É chamada por ele através do movimento do indicador da mão direita, apontando de seguida para o lado esquerdo. Catarina não aceita o convite para entrar, o que o parece ter enfurecido. O vulto detém-se sem nada fazer, começando pouco depois a descer lentamente as escadas em direcção a ela, que quer fugir mas não consegue... Aquela hedionda figura está cada vez mais perto se si e, por mais que se esforce, nada vê onde deveria existir um qualquer rosto. Já na soleira da porta, o braço esquerdo sai-lhe num movimento repentino debaixo daquelas vastas vestes negras e uma mão larga agarra-a no braço direito... - Aaaaaaaah! - o estridente grito de Catarina ecoa pela rua, fazendo latir meia dúzia de cães nas traseiras das casas. - Amor?! Sou eu! Amor?!... A jovem mulher leva alguns segundos a voltar a si, percebendo que Miguel a estava a segurar pelo braço, tendo a sua mão esquerda cravada no seu braço direito."
O HOSPEDEIRO – uma hedionda noite em Évora
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