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    O inventário das coisas ausentes

    Por Carola Saavedra
    Existem 5 citações disponíveis para O inventário das coisas ausentes

    Sobre

    Como começa o amor? À primeira vista, num encontro casual, depois de anos de convivência? Qual é a distância entre dizer ?eu te amo? e amar alguém? O que resta quando o tempo passa, as pessoas mudam e o amor acaba?


    Nina tem vinte e três anos quando ela e o narrador se conhecem na faculdade. Os dois têm um envolvimento amoroso, mas certo dia ela desaparece sem deixar notícias. A partir da reconstrução ficcional dos diários deixados por Nina, o narrador conta a história de seus antepassados e assim vai delineando seus contornos, numa tentativa de recriar a mulher amada. Mas como falar do outro sem falar de si? E como falar de si quando a sua própria vida é marcada pelo abandono, pelo impalpável?


    Essas são algumas das questões que O inventário das coisas ausentes lança ao leitor e à sua própria estrutura narrativa. Com uma abundância de tramas paralelas que por vezes se entrelaçam e por vezes seguem independentes, o romance de Carola Saavedra investiga o fazer literário, a memória, o amor e as marcas deixadas pela ausência do outro.

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    Citações de O inventário das coisas ausentes

    Abro ao acaso, vejo que há um trecho sublinhado. Leio. Instintivamente, fecho o livro. O que fazer com as frases sublinhadas por outra pessoa, essa invasão, essa repentina intimidade. Devolvo-o à estante.

    Penso, o que será do passado quando os rastros se forem e ficar apenas a memória.

    “Há uma mulher. Me odeia, me ama. Nos mantemos nesse limbo das indecisões. Transformamos um ao outro num escudo. Temos medo. Não sabemos de quê. No final da vida nos entreolhamos melancólicos, resignados, nos abraçamos, o outro nos parece ao mesmo tempo familiar e distante, pensamos, o que aconteceu conosco?, em que momento, distraídos, nos tornamos outras pessoas?”.

    A casca das palavras é frágil e ressecada. Eu te amo, diz o texto. Talvez entre o eu te amo e o amor propriamente dito haja um espaço intransponível. Talvez o tempo que passa. Mas não apenas. Talvez um inevitável desencontro. Essa incoerência. Leio o texto como se fosse parte de um romance. Talvez seja isso, e quando o amor acaba resta apenas a ficção.

    Nina tinha dessas estranhezas, desde quando ir ao cinema é algo íntimo? Claro que é, você fica ali no escuro, ao lado da pessoa, os dois em silêncio, é como se você dormisse ao lado dela e sonhasse o mesmo sonho.

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