Os sete contos que compõem o sexto volume da coleção Amores Expressos narram a viagem improvável de Antônio Fernandes à capital tcheca. A ponte Carlos é o eixo geográfico de aventuras que insistem na ideia de que transcendência, arte e sexo convergem em morte.
No primeiro conto do Livro de Praga, ?A pianista?, Antônio Fernandes acaba de chegar a Praga. Flanando pela cidade, ele vê o anúncio de uma exposição de Andy Warhol no Museu Kampa: Disaster Relics é o nome da mostra. Entre imagens terríveis de acidentes automobilísticos e retratos de personalidades conhecidas vistas como produtos em linha de montagem - e assim despojadas de sua identidade -, ele ouve o som de um piano. Quando se afasta da sala de exposições em busca da origem daquela música - ?clarões sonoros com a brevidade de relâmpagos? -, ocorre uma cisão na serena ordem cotidiana: as situações bizarras se sucederão, de conto em conto, impregnadas de um sexo que parece fadado a jamais se satisfazer, a apontar para a perda e não para a satisfação, para a morte e não para a vida. A impressão que se tem é de que os desastres da exposição de Warhol passaram para a experiência pessoal do protagonista, e que o desejo o conduzirá, fatal e invariavelmente, à perda, à despersonalização e à morte.