Quando chegou ao Rio de Janeiro em 1989, a jovem bailarina baiana Ingra Lyberato pretendia apenas passar uma temporada. Porém, acabou participando de uma oficina de atores da Rede Globo, e o que era para ser uma estadia de férias prolongou-se indefinidamente.
A bela e irrequieta morena participou da telenovela Tieta e em seguida foi selecionada para Pantanal, que se tornaria um fenômeno televisivo e inauguraria uma nova forma de se fazer telenovela no Brasil. Com Jayme Monjardim, com quem se casara, participou da criação de A história de Ana Raio e Zé Trovão, que explorava o mundo dos rodeios e deixava em evidência as diversas regiões com suas riquezas culturais. Tratava-se de um momento de inflexão na tevê brasileira, que passava a ver além do “núcleo pobre” e “núcleo rico” e se aproximava de realidades até então ignoradas pela teledramaturgia.
Ingra era a atriz certa para representar o papel de mulheres guerreiras, de beleza rústica, ligadas à terra. Participou ainda do ressurgimento do cinema brasileiro a partir de meados dos anos 1990. Casou novamente e teve o filho Guilherme, sua grande fonte de inspiração.
Nessa trajetória, em meio a testes de elenco, preparação para gravações, estudos de roteiro e ensaios, muitas vezes Ingra foi assombrada pelo medo do sucesso.
Fazendo parte de uma geração de mulheres que busca o equilíbrio entre a vida profissional e familiar, Ingra viveu o epicentro da fama, com toda a ansiedade e tentações que isso traz, e fez escolhas entre uma carreira alucinante e sua vida pessoal. Hoje, ainda dona de uma beleza agreste, a atriz olha para trás e é capaz de identificar os erros que cometeu – na profissão e nas relações pessoais