Dos séculos XVI ao XVIII vigorava em Portugal, Espanha e respectivas colônias um sistema de discriminação que impedia aos descendentes de judeus, africanos, índios e mouros o acesso aos cargos públicos, à carreira eclesiástica e às honrarias e mercês dispensadas pela Coroa. A honra do indivíduo e de sua parentela ficava assim prisioneira da 'pureza' do sangue. Ao procurar reconstituir as tramoias que viciaram o processo de habilitação de Felipe Pais Barreto, membro de uma rica família do Pernambuco colonial, a cavaleiro da Ordem de Cristo, o historiador Evaldo Cabral de Mello defrontou-se com a questão do sangue judaico que corria nas veias de vários dos troncos que haviam povoado a Nova Lusitânia, isto é, o Pernambuco que vai da fundação da capitania por Duarte Coelho à ocupação holandesa (1535-1630). Desenredando o emaranhado de fios da linhagem dessa rica família do Brasil colonial, Evaldo Cabral de Mello nos desvenda um sistema de fraude genealógica montado com o propósito de apagar as origens comprometedoras de poderosos que já eram nobres ou que aspiravam a sê-lo, revelando uma face importante e pouco estudada desse período histórico. Um ensaio fascinante, fruto de uma investigação quase que policial, em que à seriedade da pesquisa se alia a paixão do estudioso.
O nome e o sangue
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