“O Poeta Pobre” é uma poesia de um momento de magia, que transforma um estudante pequeno e pobre de leitura, num poeta, só para poder exaltar a beleza da sua nova amiga, tão linda e tão rica de cultura.
Mas logo veio a tristeza, uma doença... Retirando a protagonista de cena...
Caro leitor, daqui eu me despeço abrindo a cortina do tempo para te introduzir no ponto onde se inicia o prefácio daquele livro, na velha Fatec de 1983... Boa viagem!
E mesmo que você não embarque, por favor, deguste alguns petiscos da poesia servida naquela viagem:
Mas é impossível ter o peito em brasa e manter a boca quieta!
Por te conhecer, só por te ver,
e te vejo em tudo, quero escrever,
volto a querer ser poeta.
Então, entro em mim
e vasculho as gavetas,
procuro as letras...
Encontro o meu fim:
Só palavras humildes
e simples consegui ajuntar,
sou pobre demais
para querer te cantar...
Mas diante de tanta inspiração
eu sinto que a causa é nobre,
então, do fundo do meu coração
vai sair um poeta sem letras: O poeta pobre!
Da terra da minha alma e de uma gota de maturidade
eu vou amassar o barro da simplicidade,
e com poucos tijolos, com cacos e sobras
eu vou construir a minha obra da tua obra.
Da cor dos teus olhos azuis
eu vou fazer a cor da minha bandeira poética e no peito e na raça
eu vou cantar a tua força, a tua luz,
a tua dor e a tua graça,
o que vier do teu para o meu coração.
Sou um poeta pobre que tem um tesouro nas mãos!
Não, não sou poeta, talvez seja algum dia.
No momento sou aquele que vai tentar escrever
apenas um pouco da tua própria poesia.
...
(Fatec)
Para esta faculdade que aparece
na estação do metrô Tiradentes
enchendo os olhos da gente
com árvores gigantes na frente.
...
Para estas infinitas salas de aulas
em que fomos perdendo um pouco das nossas vidas,
e em que os professores foram nos passando
um pouco das suas.
Para estes professores amigos
que se dedicam a ensinar com humildade e prazer.
...
Não sei olhar para ti sem notar o teu corpo,
as tuas pernas nas árvores gigantes da frente,
a tua cintura no meio delas,
os teus braços abertos nos galhos do alto.
Não sei olhar para ti sem notar o teu rosto,
os cabelos verdes na tua cabeça quadrada,
a franja que cai encobrindo metade dos teus olhos de vidro,
e a boca aberta nas portas da frente,
que mesmo sem dentes, nos morde e mastiga,
nos engole para dentro desta garganta sem fundo,
nos aperta nos corredores do teu intestino
para sugar a nova vitalidade
e nos prender para também envelhecermos
junto às tuas paredes.
,,,
Fatec, vestida de roupa de noite
na esquina da Tiradentes,
os olhos acessos,
o rosto meio encoberto nas árvores,
as longas pernas abertas à mostra:
No meio delas passam os solitários Fatecanos:
Passam dez homens e uma mulher,
depois passam mais dez homens e outra mulher.
...
Ah, e pensar que em noites como esta
eu já estive aí entre as tuas pernas,
na brisa mais fresca da vida,
contemplando as estrelas mais lindas do céu!
Mas logo veio a tristeza, uma doença... Retirando a protagonista de cena...
Caro leitor, daqui eu me despeço abrindo a cortina do tempo para te introduzir no ponto onde se inicia o prefácio daquele livro, na velha Fatec de 1983... Boa viagem!
E mesmo que você não embarque, por favor, deguste alguns petiscos da poesia servida naquela viagem:
Mas é impossível ter o peito em brasa e manter a boca quieta!
Por te conhecer, só por te ver,
e te vejo em tudo, quero escrever,
volto a querer ser poeta.
Então, entro em mim
e vasculho as gavetas,
procuro as letras...
Encontro o meu fim:
Só palavras humildes
e simples consegui ajuntar,
sou pobre demais
para querer te cantar...
Mas diante de tanta inspiração
eu sinto que a causa é nobre,
então, do fundo do meu coração
vai sair um poeta sem letras: O poeta pobre!
Da terra da minha alma e de uma gota de maturidade
eu vou amassar o barro da simplicidade,
e com poucos tijolos, com cacos e sobras
eu vou construir a minha obra da tua obra.
Da cor dos teus olhos azuis
eu vou fazer a cor da minha bandeira poética e no peito e na raça
eu vou cantar a tua força, a tua luz,
a tua dor e a tua graça,
o que vier do teu para o meu coração.
Sou um poeta pobre que tem um tesouro nas mãos!
Não, não sou poeta, talvez seja algum dia.
No momento sou aquele que vai tentar escrever
apenas um pouco da tua própria poesia.
...
(Fatec)
Para esta faculdade que aparece
na estação do metrô Tiradentes
enchendo os olhos da gente
com árvores gigantes na frente.
...
Para estas infinitas salas de aulas
em que fomos perdendo um pouco das nossas vidas,
e em que os professores foram nos passando
um pouco das suas.
Para estes professores amigos
que se dedicam a ensinar com humildade e prazer.
...
Não sei olhar para ti sem notar o teu corpo,
as tuas pernas nas árvores gigantes da frente,
a tua cintura no meio delas,
os teus braços abertos nos galhos do alto.
Não sei olhar para ti sem notar o teu rosto,
os cabelos verdes na tua cabeça quadrada,
a franja que cai encobrindo metade dos teus olhos de vidro,
e a boca aberta nas portas da frente,
que mesmo sem dentes, nos morde e mastiga,
nos engole para dentro desta garganta sem fundo,
nos aperta nos corredores do teu intestino
para sugar a nova vitalidade
e nos prender para também envelhecermos
junto às tuas paredes.
,,,
Fatec, vestida de roupa de noite
na esquina da Tiradentes,
os olhos acessos,
o rosto meio encoberto nas árvores,
as longas pernas abertas à mostra:
No meio delas passam os solitários Fatecanos:
Passam dez homens e uma mulher,
depois passam mais dez homens e outra mulher.
...
Ah, e pensar que em noites como esta
eu já estive aí entre as tuas pernas,
na brisa mais fresca da vida,
contemplando as estrelas mais lindas do céu!