Realismo Mágico da Literatura Brasileira
Conto de Welington Almeida Pinto, produzido numa linguagem, especialmente, para o seu aparelho de mídia virtual. Dá vontade de ler? Então leia. Todo bom texto provoca alterações no corpo e na cabeça de quem lê, principalmente, quando agrega dentro das palavras sabores inusitados.
A narrativa se desenvolve numa conversa animada numa noite entre um jovem Jornalista e a esposa de um dos seus melhores amigos, Professora de Literatura do ensino médio, sobre a Música Popular Brasileira A mola mestra do enredo, baseada no olhar original e erudito do autor sobre temas que marcaram o período, gira em torno da crise vivida por um casal descrente com a relação matrimonial. História curta, enxuta, que mescla realidade e ficção com a qual, quem lê, possa se identificar e transformá-la em um fabuloso palco de reflexões. Mexe com a emoção do leitor, principalmente, quando atento às palavras que revelam as intenções veladas dos personagens.
Ensaio para a vida de todo dia.
Trecho. O ensaio começa assim:
Mathieu desvia o olhar para a radiola, embutida num móvel de pés palito, descansando no canto da sala. E elogia:
- Muito bonita. Estilo Brasília.
- Gosta?
- Sim. Agulhas de diamante?
- É.
- Alta fidelidade?
- Ã-Hã.
- Então?
- Já sei, quer ouvir música?
- É bom.
- Claro.
- A vibração de uma música tem o poder de aflorar nossa emoção.
- E ai, o que você quer escutar?
- La Traviata, de Verdi.
Ela admirada:
- Ópera!
- Por que não? Posso dizer que teatro feito por música destaca o sentido dramatúrgico do discurso musical sobre o sagrado, o sublime. O canto é uma leitura encenada, é uma oração que massageia o espírito, levando você a lugares incríveis, pode crer.
- Sim.
Mathieu sibila os primeiros compassos da melodia. Logo pergunta:
- Música é também um grande meio de expressar os sentimentos. Uma boa composição pode expressar alegria, raiva, medo... E, ao mesmo tempo, permitir que se faça apenas entretimento. Quer melhor alimento para a alma do que uma cantata italiana, ou ouvir Nelson Freire tocando Chopin num concerto para enternecer o coração?
- Ópera, Math?
- Por que está me olhando com essa cara esquisita?
- Ópera?!... Tenho certa dificuldade com óperas, confesso. Os recitativos me causam estranheza, mais ainda as peças que abusam dos duetos, trios, quartetos. Desculpe-me, mas...
- La Traviata é uma ária de bravura, que atravessa nosso tempo de um lado ao outro.
- Sim, mas...
- Nunca ouviu uma apresentação de Maria Lúcia Godoy com seu canto lírico, interpretando Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos?
- Ainda não.
- O erudito é legal, Suzana. Seja de que gênero for, posso dizer que uma boa ária não tem forma estabelecida para abrir canal de satisfação entre pessoas sensíveis. A música clássica, por exemplo, não se limita a um concerto, ela voa alto. É atemporal.
- Ã-Hã.
- Uma melodia só existe se capaz de nos emocionar, provocar alegria, surpresas. Quebrar a rotina. Aprecio, igualmente, canções do Rock à Nona, de Beethoven, um clássico para as massas.
- Decerto ? murmura Suzana.
- E você?
- Claro, claro. Eu, por exemplo, gosto da Sétima.
- Heavy metal ao pé da letra, estonteante. Cativa e leva a gente ao êxtase, à apoteose. Prova que música erudita pode se tornar um excelente produto de consumo popular.
Suzana ri e continua:
- Gosto também da Quinta ? responde a moça cravando os olhos no rosto de Mathieu, tomada de um pensamento imprevisto.
O rapaz inclina-se.
- Parabéns. O músico alemão foi um revolucionário, tanto que é considerado o maior compositor de todos os tempos, o demônio da história da música. Antes de Beethoven nunca tinha se ouvido uma música tão forte, tão impactante. Da primeira à última nota, a Sétima é verdadeira celebração, para cima. É de uma velocidade jamais atingida, o Rock da época.
[...]
CURTA MAIS CONTOS DO AUTOR:
amazon.com/Welington-Almeida-Pinto/e/B00L8RZV5S
Conto de Welington Almeida Pinto, produzido numa linguagem, especialmente, para o seu aparelho de mídia virtual. Dá vontade de ler? Então leia. Todo bom texto provoca alterações no corpo e na cabeça de quem lê, principalmente, quando agrega dentro das palavras sabores inusitados.
A narrativa se desenvolve numa conversa animada numa noite entre um jovem Jornalista e a esposa de um dos seus melhores amigos, Professora de Literatura do ensino médio, sobre a Música Popular Brasileira A mola mestra do enredo, baseada no olhar original e erudito do autor sobre temas que marcaram o período, gira em torno da crise vivida por um casal descrente com a relação matrimonial. História curta, enxuta, que mescla realidade e ficção com a qual, quem lê, possa se identificar e transformá-la em um fabuloso palco de reflexões. Mexe com a emoção do leitor, principalmente, quando atento às palavras que revelam as intenções veladas dos personagens.
Ensaio para a vida de todo dia.
Trecho. O ensaio começa assim:
Mathieu desvia o olhar para a radiola, embutida num móvel de pés palito, descansando no canto da sala. E elogia:
- Muito bonita. Estilo Brasília.
- Gosta?
- Sim. Agulhas de diamante?
- É.
- Alta fidelidade?
- Ã-Hã.
- Então?
- Já sei, quer ouvir música?
- É bom.
- Claro.
- A vibração de uma música tem o poder de aflorar nossa emoção.
- E ai, o que você quer escutar?
- La Traviata, de Verdi.
Ela admirada:
- Ópera!
- Por que não? Posso dizer que teatro feito por música destaca o sentido dramatúrgico do discurso musical sobre o sagrado, o sublime. O canto é uma leitura encenada, é uma oração que massageia o espírito, levando você a lugares incríveis, pode crer.
- Sim.
Mathieu sibila os primeiros compassos da melodia. Logo pergunta:
- Música é também um grande meio de expressar os sentimentos. Uma boa composição pode expressar alegria, raiva, medo... E, ao mesmo tempo, permitir que se faça apenas entretimento. Quer melhor alimento para a alma do que uma cantata italiana, ou ouvir Nelson Freire tocando Chopin num concerto para enternecer o coração?
- Ópera, Math?
- Por que está me olhando com essa cara esquisita?
- Ópera?!... Tenho certa dificuldade com óperas, confesso. Os recitativos me causam estranheza, mais ainda as peças que abusam dos duetos, trios, quartetos. Desculpe-me, mas...
- La Traviata é uma ária de bravura, que atravessa nosso tempo de um lado ao outro.
- Sim, mas...
- Nunca ouviu uma apresentação de Maria Lúcia Godoy com seu canto lírico, interpretando Bachianas Brasileiras de Heitor Villa-Lobos?
- Ainda não.
- O erudito é legal, Suzana. Seja de que gênero for, posso dizer que uma boa ária não tem forma estabelecida para abrir canal de satisfação entre pessoas sensíveis. A música clássica, por exemplo, não se limita a um concerto, ela voa alto. É atemporal.
- Ã-Hã.
- Uma melodia só existe se capaz de nos emocionar, provocar alegria, surpresas. Quebrar a rotina. Aprecio, igualmente, canções do Rock à Nona, de Beethoven, um clássico para as massas.
- Decerto ? murmura Suzana.
- E você?
- Claro, claro. Eu, por exemplo, gosto da Sétima.
- Heavy metal ao pé da letra, estonteante. Cativa e leva a gente ao êxtase, à apoteose. Prova que música erudita pode se tornar um excelente produto de consumo popular.
Suzana ri e continua:
- Gosto também da Quinta ? responde a moça cravando os olhos no rosto de Mathieu, tomada de um pensamento imprevisto.
O rapaz inclina-se.
- Parabéns. O músico alemão foi um revolucionário, tanto que é considerado o maior compositor de todos os tempos, o demônio da história da música. Antes de Beethoven nunca tinha se ouvido uma música tão forte, tão impactante. Da primeira à última nota, a Sétima é verdadeira celebração, para cima. É de uma velocidade jamais atingida, o Rock da época.
[...]
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