O protagonista de O xará, Gógol, sente-se perdido entre duas culturas: a dos Estados Unidos, onde nasceu e vive, e a que veio da Índia e nos corações de seus pais, imigrantes em busca de oportunidades em território americano.
No novo país, sua mãe logo começa ?a se dar conta de que ser estrangeira é uma espécie de gravidez eterna ? uma espera perpétua, um fardo constante, um sentimento contínuo de indisposição?. Recém-chegados, ela e o marido enfrentam um primeiro e significativo obstáculo: são obrigados a registrar o filho ainda na maternidade, antes de o ?nome bom? ? o que deve ser usado na vida pública, por tradição escolhido pela avó materna ? chegar por carta de Calcutá.
É por essa razão que, além do sobrenome indiano, Gógol tem de aprender a lidar com o nome de batismo que homenageia o grande escritor russo. O romance acompanha a família Ganguli em suas constantes viagens, físicas ou espirituais, entre tradições e costumes, entre a Índia e os Estados Unidos, entre o passado e o presente.
São as tentativas de lidar, da infância à maturidade, com o choque das culturas e suas consequências na vida de uma pessoa comum ? na relação com os pais, na educação sentimental, na vida profissional ? que dão o tom em O xará.