Os Lusíadas
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Que ſe eſpalhe & ſe conte no vniuerſo, Se tam ſublime preço cabe em verſo.
Hião ſe as ſombras lentas desfazendo, Sobre as flores da terra, em frio orualho, Quando o Rei Milindano ſe embarcaua A ver a frota que no mar estaua. Vião ſe em derredor feruer as prayas Da gente, que a ver ſo concorre leda, Luzem da fina purpura as cabaias, Lustrão os panos da tecida ſeda: Em lugar de guerreiras a zagaias E do arco, que os cornos arremeda Da Lũa, trazem ramos de Palmeira, Dos que vencem coroa verdadeira. Hum batel grande & largo, que toldado Venha de ſedas de diuerſas cores, Traz o Rei de Melinde, acompanhado De nobres de ſeu Reino, & de ſenhores: Vem
Co iſto o nobre Gama recebia Alegremente os Mouros que ſubião, Que leuemente hum animo ſe fia, De mostras que tão certas parecião: A nao da gente perfida ſe enchia, Deixando a bordo os barcos que trazião: Alegres vinhão todos, porque crem Que a preſa deſejada certa tem. Na terra cautamente aparelhauão, Armas, & monições, que como viſſem
Dantre elles hum que traz encomendado, O mortifero engano, aſsi dezia. Capitão valeroſo, que cortado Tens de Neptuno o reyno, & ſalſa via, O Rei que manda eſta Ilha, aluoraçado Da vinda tua tem tanta alegria, Que nam deſeja mais que agaſalharte, Verte, & do neceſſario reformarte. E porque eſtà em eſtremo deſejoſo De te ver, como couſa nomeada, Te roga que de nada receoſo, Entres a barra, tu com toda armada: E porque do caminho trabalhoſo, Traras a gente debil, & canſada, Diz que na terra podes reformala, Que a natureza obriga a deſejada, E ſe buſcando vas mercadoria, Que produze o aurifero Leuante, Canella, Crauo, ardente eſpeciaria, Ou Droga
poder tiuer, ſob pena de quẽ o contrario fizer pagar cinquoenta cruzados & perder os volmes que imprimir, ou vender, a metade pera o dito Luis de Camoẽs, & a outra metade pera quem os acuſar. E antes de ſe a dita obra vender lhe ſera poſto o
Eu el Rey faço ſaber aos que eſte Aluara virem que eu ey por bem & me praz dar licença a Luis de Camoẽs pera que poſſa fazer imprimir neſta cidade de Lisboa, hũa
glorioſas Daquelles Reis, que forão dilatando
Ia que minha preſença não te agrada, Que te cuſtaua terme neſte engano, Ou foſſe monte, nuuem, ſonho, ou nada:
As armas, & os ba- rões aſsinalados, Que da Occidental praya Luſi- tana,
Que ſe eſpalhe & ſe conte no vniuerſo, Se tam ſublime preço cabe em verſo.
Hião ſe as ſombras lentas desfazendo, Sobre as flores da terra, em frio orualho, Quando o Rei Milindano ſe embarcaua A ver a frota que no mar estaua. Vião ſe em derredor feruer as prayas Da gente, que a ver ſo concorre leda, Luzem da fina purpura as cabaias, Lustrão os panos da tecida ſeda: Em lugar de guerreiras a zagaias E do arco, que os cornos arremeda Da Lũa, trazem ramos de Palmeira, Dos que vencem coroa verdadeira. Hum batel grande & largo, que toldado Venha de ſedas de diuerſas cores, Traz o Rei de Melinde, acompanhado De nobres de ſeu Reino, & de ſenhores: Vem
Dantre elles hum que traz encomendado, O mortifero engano, aſsi dezia. Capitão valeroſo, que cortado Tens de Neptuno o reyno, & ſalſa via, O Rei que manda eſta Ilha, aluoraçado Da vinda tua tem tanta alegria, Que nam deſeja mais que agaſalharte, Verte, & do neceſſario reformarte. E porque eſtà em eſtremo deſejoſo De te ver, como couſa nomeada, Te roga que de nada receoſo, Entres a barra, tu com toda armada: E porque do caminho trabalhoſo, Traras a gente debil, & canſada, Diz que na terra podes reformala, Que a natureza obriga a deſejada, E ſe buſcando vas mercadoria, Que produze o aurifero Leuante, Canella, Crauo, ardente eſpeciaria, Ou Droga
poder tiuer, ſob pena de quẽ o contrario fizer pagar cinquoenta cruzados & perder os volmes que imprimir, ou vender, a metade pera o dito Luis de Camoẽs, & a outra metade pera quem os acuſar. E antes de ſe a dita obra vender lhe ſera poſto o
Co iſto o nobre Gama recebia Alegremente os Mouros que ſubião, Que leuemente hum animo ſe fia, De mostras que tão certas parecião: A nao da gente perfida ſe enchia, Deixando a bordo os barcos que trazião: Alegres vinhão todos, porque crem Que a preſa deſejada certa tem. Na terra cautamente aparelhauão, Armas, & monições, que como viſſem
Eu el Rey faço ſaber aos que eſte Aluara virem que eu ey por bem & me praz dar licença a Luis de Camoẽs pera que poſſa fazer imprimir neſta cidade de Lisboa, hũa
glorioſas Daquelles Reis, que forão dilatando
Ia que minha preſença não te agrada, Que te cuſtaua terme neſte engano, Ou foſſe monte, nuuem, ſonho, ou nada:
As armas, & os ba- rões aſsinalados, Que da Occidental praya Luſi- tana,