Os miseráveis
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Verdade ou mentira, muitas vezes o que se diz dos homens tem tanta importância em sua vida como o que estes realmente fazem.
O que é belo é tão útil como o que é simplesmente útil. – E acrescentou depois de uma pausa: – Talvez até mais.
Não basta destruir os abusos; é preciso mudar os costumes. Desapareceu o moinho, mas o vento ainda sopra.
Nunca devemos ter medo de ladrões ou assassinos. São perigos externos e os menores que existem. Temamos a nós mesmos. Os preconceitos é que são os ladrões; os vícios é que são os assassinos. Os grandes perigos estão dentro de nós. Que importância tem aquele que ameaça a nossa vida ou a nossa fortuna? Preocupemo-nos com o que põe em perigo a nossa alma.
– Mas essa miserável insultou o Sr. Maire. – Isso é comigo – disse Madeleine. – Sua injúria dirigia-se, talvez, à minha pessoa. Posso fazer dela o que bem me aprouver. – Peço perdão ao Sr. Maire. Ela não desrespeitou o senhor, mas a justiça. – Inspetor Javert – replicou Madeleine –, a primeira justiça é a consciência. Eu ouvi bem o que essa mulher me disse e sei o que estou fazendo.
Ensinem o mais possível aos que nada sabem; a sociedade é culpada de não instruir gratuitamente e responderá pela escuridão que provoca. Uma alma na sombra da ignorância comete um pecado? A culpa não é de quem o faz, mas de quem provocou a sombra.
O mais belo altar – dizia – é a alma de um infeliz que agradece a Deus um benefício.
Não condenava nada apressadamente ou sem levar em conta as circunstâncias. Era comum ouvi-lo dizer: – Vejamos o caminho por onde passou essa falta.
E, do mesmo modo como pensava, agia. Como resultado, tinha aquela pureza de que já falamos, que lhe fazia brilhar os lábios e os olhos. Seu
Sr. Maire, não quero absolutamente que o senhor me trate com bondade; sua bondade já me deixa revoltado quando o senhor a usa com os outros, e não quero que a use comigo. A bondade que consiste em dar razão à mulher pública contra o cidadão, ao Agente de Polícia contra o Maire, àquele que está embaixo, contra o que está em cima, é o que eu chamo de bondade injusta. É por causa desse tipo de bondade que a sociedade se desorganiza. Meu Deus! É tão fácil ser bom: o difícil é ser justo. Vamos!
Infelizmente, o que ele tinha intenção de expulsar do quarto já havia entrado, os olhos que ele queria cegar encaravam-no fixamente: era a sua consciência.
Fazer o poema da consciência humana, fosse embora a propósito de um só homem ou do mais miserável dos homens, seria o mesmo que fundir todas as epopeias numa epopeia superior e definitiva. A
Existe uma coisa que é maior que o mar: o céu. Existe um espetáculo maior que o céu: é o interior de uma alma.
Mentir é sempre um mal. Mentir pouco não é possível: quem mente, mente por completo; a mentira é a própria face do demônio; Satã tem dois nomes: chama-se Satã e Mentira. Eis
A glutoneria castiga o guloso. Gula punit Gulax. A indigestão está encarregada por Deus de pregar moral ao estômago. E, guardem o que eu vou dizer, cada uma de nossas paixões, mesmo o amor, tem um estômago que não se deve empanturrar. Em tudo é necessário escrever a tempo a palavra finis; quando, então, há urgência, é indispensável trancar o apetite, encarcerar a fantasia e pôr-se cada um num cárcere. Sábio é aquele que é capaz de trancafiar-se no momento preciso. Podem