"Esta é uma coletânea rara, feita em torno de temas essenciais à poesia: a amizade e a imortalidade. Assim, em vez de reunir poetas representativos de uma geração ou de dividi-los por regiões do país ou em movimentos artísticos, encontramos tão bem ordenada a produção de 75 poetas contemporâneos ? a maioria brasileiros ? apresentando o seu melhor e com uma solenidade inédita: trata-se de dialogar com os versos de 15 poemas de Donizete Galvão. O poeta que partiu na madrugada do dia 30 de janeiro de 2014, aos 58 anos, e que agora sobrevive tanto em seus versos, como renasce nos poemas desta antologia.
Em um dos seus ?Ensaios? chamado ?Da Amizade?, Montaigne, o famoso filósofo francês do século XVI, descreve o trabalho do muralista que pintava a grande parede de seu castelo. Dizia para que observassem que quase todo o trabalho eram arabescos que dirigiam a atenção para o tema central de sua pintura; e concluía que toda a sua obra, da vida inteira, eram os arabescos que escreveu e que levam a atenção do leitor para a ideia central: ?O discurso da servidão voluntária?, ensaio de seu amigo Étienne de La Boétie.
A obra de Montaigne é caudalosa, monumental; enquanto o discurso de seu amigo possui apenas 37 páginas ? e Étienne mais não fez porque morrera cedo.
Charles Sanders Peirce, matemático e semiótico norte-americano, do século XIX, defendia sermos imortais toda vez que alguém nos lesse e entendesse clara- mente nossas ideias, trazendo em pensamento a nossa visão do mundo.
Os 75 poetas desta edição também constroem arabescos voltados para os poemas de Donizete Galvão e se insurgem contra a sua morte: conversam com ele, o corporificam, o vivificam e o inesperado acontece: a poesia contemporânea derrota a morte de seu amigo poeta.
?Quem me lê me cria? ? vaticina o verso de Donizete Galvão. E assim se fez nos diversos poemas, como diz Renan Nuernberger: ?encontrá-lo outra/vez (Doni)/ nessa tarde/parada em/seu olhar (grave/ruminando/o mundo)?.
Esta é uma obra rara. Se não a mais completa, certamente a mais verdadeira reunião da poesia brasileira contemporânea.
LEANDRO ESTEVES e LEUSA ARAUJO"
Em um dos seus ?Ensaios? chamado ?Da Amizade?, Montaigne, o famoso filósofo francês do século XVI, descreve o trabalho do muralista que pintava a grande parede de seu castelo. Dizia para que observassem que quase todo o trabalho eram arabescos que dirigiam a atenção para o tema central de sua pintura; e concluía que toda a sua obra, da vida inteira, eram os arabescos que escreveu e que levam a atenção do leitor para a ideia central: ?O discurso da servidão voluntária?, ensaio de seu amigo Étienne de La Boétie.
A obra de Montaigne é caudalosa, monumental; enquanto o discurso de seu amigo possui apenas 37 páginas ? e Étienne mais não fez porque morrera cedo.
Charles Sanders Peirce, matemático e semiótico norte-americano, do século XIX, defendia sermos imortais toda vez que alguém nos lesse e entendesse clara- mente nossas ideias, trazendo em pensamento a nossa visão do mundo.
Os 75 poetas desta edição também constroem arabescos voltados para os poemas de Donizete Galvão e se insurgem contra a sua morte: conversam com ele, o corporificam, o vivificam e o inesperado acontece: a poesia contemporânea derrota a morte de seu amigo poeta.
?Quem me lê me cria? ? vaticina o verso de Donizete Galvão. E assim se fez nos diversos poemas, como diz Renan Nuernberger: ?encontrá-lo outra/vez (Doni)/ nessa tarde/parada em/seu olhar (grave/ruminando/o mundo)?.
Esta é uma obra rara. Se não a mais completa, certamente a mais verdadeira reunião da poesia brasileira contemporânea.
LEANDRO ESTEVES e LEUSA ARAUJO"