Autoexilada numa ilha, Érika grava mensagens endereçadas a Alex, seu amado. Nas 22 gravações que compõem Paisagem com dromedário, ela tenta reconstituir e compreender seu passado.
Artistas plásticos, Érika e Alex se envolveram durante anos em experiências estéticas e existenciais, que incluíam obras em parceria e um insólito triângulo amoroso com a jovem Karen.
A perplexidade diante da morte de Karen, e do seu próprio comportamento em relação à amiga, da qual se afastou ao saber que ela estava com câncer, parece ser uma das motivações para o exílio voluntário de Érika e para sua rememoração do passado.
No centro das inquietações da narradora está a questão da identidade. Onde começava a sua personalidade de artista e de mulher e onde terminava a influência ao mesmo tempo fecunda e opressora de Alex? Érika se entrega a esse exercício retrospectivo, em que se misturam a memória, a imaginação e um implacável raciocínio crítico.
Em Paisagem com dromedário, Carola Saavedra atualiza radicalmente o gênero epistolar, aproximando-o do cinema e do radioteatro. Reafirma assim o vigor e a originalidade de sua escrita, uma das mais marcantes do atual panorama literário brasileiro.