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    Para viver um grande amor

    Por Vinicius de Moraes
    Existem 9 citações disponíveis para Para viver um grande amor

    Sobre

    Pode-se dizer deste livro que ele é um clássico moderno. Publicado pela primeira vez em 1962, seu público leitor só fez crescer desde então. O título - Para viver um grande amor - parece exercer sobre nós um grande fascínio. Vinicius de Moraes não decepciona seu leitor. E talvez devêssemos acrescentar: ele nunca nos decepciona, alçando-nos, ao contrário, além de nossas expectativas.

    Para viver um grande amor estrutura-se de modo singular: alterna poesia e prosa. As crônicas guardam as marcas típicas do gênero, como a observação aguda do cotidiano e a linguagem despojada. Mas, além disso, conforme o próprio Vinicius, "há, para o leitor que se der ao trabalho de percorrê-las em sua integridade, uma unidade evidente que as enfeixa: a do grande amor". Quanto aos poemas, encontram-se, aqui, exemplares de grande força expressiva, como o impactante "Carta aos 'Puros'". Os poemas não raro tomam para si a tarefa da crônica e, então, surgem experiências como os bem-humorados "Feijoada à minha moda" e "Olhe aqui, Mr. Buster" ou o seco e dramático "Blues para Emmett Louis Till".

    Um posfácio do ensaísta Francisco Bosco, escrito especialmente para esta edição, lança um novo olhar crítico sobre a obra, ao passo que a sessão "Arquivo" recupera textos fundamentais e por vezes pouco conhecidos, como a crônica inédita em que Carlos Drummond de Andrade fala da noite de autógrafos de Para viver um grande amor.

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    Citações de Para viver um grande amor

    Quisera dar-te, sobretudo, Amada minha, o instante da minha morte; e que ele fosse também o instante da tua morte, de modo que nós, por tanto tempo em vida separados, vivêssemos em nosso decesso uma só eternidade;

    Não, a maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se

    que frequentemente aquela que devia ser daquele acaba por bailar com outro porque o esperado nunca chega; e este, no entanto, passou por ela sem que ela o soubesse, suas mãos sem querer se tocaram, eles olharam-se nos olhos por um instante e não se reconheceram.

    E é então que esqueço de tudo e vou olhar nos olhos de minha bem-amada como se nunca a tivesse visto antes. É ela, Deus do céu, é ela! Como a encontrei, não sei. Como chegou até aqui, não vi. Mas é ela, eu sei que é ela porque há um rastro de luz quando ela passa; e quando ela me abre os braços eu me crucifico neles banhado em lágrimas de ternura; e sei que mataria friamente quem quer que lhe causasse dano; e gostaria que morrêssemos juntos e fôssemos enterrados de mãos dadas, e nossos olhos indecomponíveis ficassem para sempre abertos mirando muito além das estrelas.

    É claro que a vida é boa E a alegria, a única indizível emoção É claro que te acho linda E em ti bendigo o amor das coisas simples É claro que te amo E tenho tudo para ser feliz Mas acontece que eu sou triste…

    É um tal milagre encontrar, nesse infinito labirinto de desenganos amorosos, o ser verdadeiramente amado…

    Loucura pensar que morreste. Sobre cada face viva, sobre cada coisa viva, sobre o coração da vida — escrevo o teu nome. Escrevo o teu nome sobre os degraus da morte, gravo-o a fogo sobre os seios da aurora, pinto-o em luz sobre tudo o que é triste, escuro e trágico. Tu escolheste. Tu foste claro, ardente, digno. Delicado até os ossos de ti mesmo — esses que restarão de tua bela figura de homem — tu enfrentaste a brutalidade dos carrascos. Hoje eu digo o teu nome e digo-o sentindo-me melhor por ter participado do teu tempo humano. Teu nome é também Liberdade,

    MENINO DE ILHA Às vezes, no calor mais forte, eu pulava de noite a janela com pés de gato e ia deitar-me junto ao mar. Acomodava-me na areia como numa cama fofa e abria as pernas aos alíseos e ao luar; e em breve as frescas mãos da maré cheia vinham coçar meus pés com seus dedos de água. Era indizivelmente bom. Com um simples olhar podia vigiar a casa, cuja janela deixava apenas encostada; mas por mero escrúpulo. Ninguém nos viria nunca fazer mal. Éramos gente querida na ilha, e a afeição daquela comunidade pobre manifestava-se constantemente em peixe fresco, cestas de caju, sacos de manga-espada. E em breve perdia-me naquela doce confusão de ruídos… o sussurro da maré montante, uma folha seca de amendoeira arrastada pelo vento, o gorgulho de um peixe saltando, a clarineta de meu amigo Augusto, tuberculoso e insone, solando valsas ofegantes na distância. A aragem entrava-me pelos calções, inflava-me a camisa sobre o peito, fazia-me festas nas axilas, eu deixava a areia correr de entre meus dedos sem saber ainda que aquilo era uma forma de contar o tempo. Mas o tempo ainda não existia para mim; ou só existia nisso que era sempre vivo, nunca morto ou inútil. Quando não havia luar era mais lindo e misterioso ainda. Porque, com a continuidade da mirada, o céu noturno ia desvendando pouco a pouco todas as suas estrelas, até as mais recônditas, e a negra abóbada acabava por formigar de luzes, como se todos os pirilampos do mundo estivessem luzindo na mais alta esfera. Depois acontecia que o céu se aproximava e eu chegava a distinguir o contorno das galáxias, e estrelas cadentes precipitavam-se como loucas em direção a mim com as cabeleiras soltas e acabavam por se apagar no enorme silêncio do Infinito. E era uma tal multidão de astros a tremeluzir que, juro, às vezes tinha a impressão de ouvir o burburinho infantil de suas vozes. E logo voltava o mar com o seu marulhar ilhéu, e um peixe pulava perto, e um cão latia, e uma folha seca de amendoeira era arrastada pelo vento, e se ouv

    e a certeza que tive, ao te olhar, da fatalidade insigne do nosso encontro, e de que eu estava, de um só golpe, perdido e salvo.

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