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    Passageiro do fim do dia

    Por Rubens Figueiredo
    Existem 6 citações disponíveis para Passageiro do fim do dia

    Sobre

    Este romance de escritura primorosa narra um percurso. É o que se opera na consciência de Pedro durante uma viagem de ônibus para o bairro do Tirol, na periferia pobre da cidade onde mora - uma espécie de panela de pressão de violência e injustiça sistemática. É lá que mora Rosane, namorada de Pedro: faz algum tempo que ele passa os fins de semana com ela.

    De radinho no ouvido, lendo a intervalos, observando o que se passa dentro do ônibus e fora nas ruas, Pedro, sem se dar conta, costura as ideias. Ao fim da viagem ele não será mais o mesmo: o que vê e pensa durante o trajeto, os fatos de sua vida, seus afetos, o mundo em que está imerso, tudo reunido terá formado um novo conhecimento, mais profundo e mais crítico, mas que nem por isso o deixará desprotegido numa sociedade em que parece não haver como fugir de um destino opressivo.

    Passageiro do fim do dia não deixa dúvida sobre a importância de Rubens Figueiredo no cenário literário contemporâneo no Brasil.

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    Citações de Passageiro do fim do dia

    chances tinha ela, afinal? Por que havia de conseguir o que pessoas iguais a ela não conseguiam de jeito nenhum? O que poderia haver em Rosane de tão especial? Não seria simples estupidez pensar que a deixariam passar, que algum dia abririam caminho para ela?

    Por que eles permitem que eu fique aqui? Por que não me expulsam, como é do seu direito?

    Sem notar, ele se adaptara também, e de maneira tão fácil que agora Pedro teria de fazer um certo esforço para lembrar como aquilo havia começado.

    as crianças começaram a aprender aquela raiva desde pequenas. Educavam-se com ela, tomavam gosto e se alimentavam daquela rivalidade. Cresciam para a raiva: aquilo lhes dava um peso, enchia seu horizonte quase vazio — nada senão aquilo fazia delas alguém mais presente.

    Em suma, tudo aquilo — o trabalho, a escola, saber ler e escrever, o centro da cidade, a cidade propriamente dita, com seus bairros e suas atividades oficiais —, tudo pertencia ao mundo que as deixara para trás, que as empurrara para o fundo: era o mundo de seus inimigos.

    Parou. Olhou para a porta. Piscou os olhos, feridos por um reflexo do sol no espelho de uma motocicleta. O segurança, lá na entrada, olhava para dois meninos de onze ou doze anos, no máximo, que passavam bem devagar. Arrastavam na calçada os pés descalços, encardidos de poeira, a mancha cinzenta subia até as canelas. Tinham os olhos saltados na cara murcha, vestiam imundas camisetas de adultos que chegavam quase aos joelhos. O pano pendia torto nos ombros, esticado pelos ossos pontudos que formavam a base do pescoço, a pele à mostra na esgarçada abertura da gola. Por baixo do pano folgado, com manchas de lama e de fogo, cada um escondia sem grande cuidado uma garrafinha de plástico que continha no fundo um dedo de solvente de tintas para eles cheirarem.

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