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    Pensadores que inventaram o Brasil

    Por Fernando Henrique Cardoso
    Existem 15 citações disponíveis para Pensadores que inventaram o Brasil

    Sobre

    Antes de assumir uma cadeira no Senado Federal, em 1983, e assim efetivamente iniciar uma trajetória política culminada por dois mandatos presidenciais consecutivos, o sociólogo e professor Fernando Henrique Cardoso militou no debate público sobretudo por meio de intervenções na imprensa escrita, que o tornaram conhecido fora do âmbito universitário. Já então considerado um dos mais brilhantes intelectuais de sua geração, formada na USP sob a égide do marxismo na década de 1950, o autor (com Enzo Faletto) do influente Dependência e desenvolvimento na América Latina (1969) publicou em 1978 uma série de textos na extinta revista Senhor Vogue, em que apresentava a vida e a obra de intérpretes-chave do Brasil, como Euclides da Cunha, Sérgio Buarque de Holanda e Gilberto Freyre. Esses artigos, revistos e alterados pelo autor, formam um dos núcleos deste livro, devotado aos intelectuais brasileiros que forjaram a visão de FHC sobre o país, sua identidade e suas grandes questões.Outros textos, mais recentes, são inéditos na forma em que são publicados agora. Entre estes estão ensaios sobre Joaquim Nabuco, Gilberto Freyre e Raymundo Faoro. O último foi escrito especialmente para o volume; os outros dois serviram de base para conferências, respectivamente, na Academia Brasileira de Letras em março de 2010 e na Feira Literária Internacional de Paraty (Flip) em agosto do mesmo ano. Os demais capítulos compõem-se de introduções para a edição de livros de alguns autores, discursos ou homenagens prestadas que foram posteriormente enfeixados em livros.Nos dezoito textos, FHC dialoga com seus mestres sobre os temas recorrentes que unificam o volume: o embate entre Estado e sociedade civil, o legado da colonização, as vicissitudes da democracia, os entraves ao desenvolvimento econômico, a promoção da justiça social. Mas além da fina análise dos textos, sempre feita com grande verve narrativa, o ex-presidente contextualiza obras e autores, muitas vezes tratando do impacto pessoal que os últimos lhe causaram. De fato, em alguns casos, se trata de afinidades não somente intelectuais: por circunstâncias geracionais e entrecruzamento de vida, FHC se beneficiou do contato direto com vários dos autores cujas obras comenta no livro. É o que ocorre com Florestan Fernandes, de quem foi aluno e assistente antes de serem colegas e vizinhos de rua, assim como com Antonio Candido, também professor e mais tarde colega. Ou ainda Celso Furtado, com quem dividiu uma casa em Santiago nos breves meses em que o grande economista trabalhou na Cepal depois do golpe de 1964, e Caio Prado, que a exemplo de Florestan e Sérgio Buarque fez parte da banca de doutorado do futuro presidente, e com ele conviveu no final dos anos 1950 e início da década seguinte, quando era o inspirador da Revista Brasiliense, com a qual FHC colaborava, sem falar nas desventuras de militância ao redor do Partidão.Pensadores que inventaram o Brasil é assim leitura obrigatória para entender as visões que deram forma às tentativas clássicas de explicação do país, e um convite a refletir sobre a relevância dessas análises ante os desafios do futuro.
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    Definido como

    Citações de Pensadores que inventaram o Brasil

    Basicamente o que une os autores referidos é a preocupação em analisar a “formação do Brasil”.

    Sob sua inspiração, percebi que a oposição entre senhor e escravo se atenuava ao comprovar que ambos eram produtos, embora em posições assimétricas, de uma mesma ordem.

    Por certo, no contexto da formação nacional o tema Estado-burocracia-corporação versus sociedade civil e mercado se destaca como uma das preocupações centrais dos que querem entender como se forma a nação.

    Para Nabuco — cabe sempre recordar —, a escravidão contaminava os mais diversos campos da vida nacional, desvalorizando o trabalho, viciando a instrução, comprometendo a indústria, minando o Estado, alimentando o patrimonialismo, sacrificando o pluralismo, sufocando a cidadania. A escravidão era para ele a condição sociológica que explicaria de maneira cabal o atraso brasileiro.

    Basicamente o que une os autores referidos é a preocupação em analisar a “formação do Brasil”. Esta obsessão vem de longe, ela data do período da Independência. Aparece nitidamente em José Bonifácio quando, em vez de se considerar “português” ou “paulista” — assim como aconteceu com frei Caneca, “pernambucano” —, passou a se considerar brasileiro e tentou compreender o que nós, brasileiros, somos;

    “não basta acabar com a escravidão: é preciso destruir a obra da escravidão”.

    como estavam ao patrimonialismo, os partidos se haviam tornado, como o dizia Nabuco, “apenas sociedades cooperativas de emprego ou de seguro contra a miséria”. Corria-se o risco de que, quando finalmente fossem adotados o abolicionismo e as reformas, seu nascimento fosse tardio, se não póstumo.

    Celso Furtado, muito mais tarde, no período de obsessão nacional-desenvolvimentista, quando a nação já existia, vai dar sequência a esta visão: se quisermos romper os laços da dominação internacional e se quisermos superar o “atraso”, teremos de entender a dinâmica dos mercados internos, suas possibilidades de superação do status quo e suas limitações, mas no quadro internacional. Ao analisar estes aspectos, Celso vai reafirmar o que outros haviam indicado: as bases econômicas e sociais do condicionante local eram estreitas para aceder ao capitalismo dos “grandes”. A referência ao local não se esgota em si mesma, requer o rebatimento no outro polo, o externo. De toda maneira, a temática continua girando ao redor da questão nacional, consistindo em ver como criar no polo negativo da relação externo-interno, isto é, no interno, força suficiente para alavancar, catapultar mesmo, o país para o “Centro”. Essas eram as grandes questões dos pensadores que inventaram o Brasil.

    até hoje encontramos apóstolos da barbárie, podemos imaginar a oposição encontrada por Nabuco no momento em que se consolidava o Estado-nação. Também ousada foi sua leitura da inserção do Brasil no mundo.

    “valor dos chefes de Estado sul-americanos tem que ser julgado pelo resultado de sua administração”?)2

    Muitos dos fenômenos examinados — fragmentação do sistema partidário, estrutura oligárquica do poder, militarismo, populismo — são comuns aos diferentes ciclos de instabilidade pelos quais passaram os países da região, até que a democracia se fixasse com raízes sólidas.

    — acha que o governo age mal; mas todos acham que o governo deve agir sem parar e em tudo pôr a mão.45 Mostrei que a igualdade sugeria aos homens a ideia de um governo único, uniforme e forte.

    Abraçavam-na, como homens políticos, por motivos políticos, e assim representamos os escravos e os ingênuos na qualidade de Brasileiros que julgam o seu título de cidadão diminuído, enquanto houver Brasileiros escravos, isto é, [abraçavam-na] no interesse de todo o país e no nosso próprio interesse.

    A partir de Os sertões a consciência crítica brasileira reforçou seu sentimento de culpa para com o outro Brasil. O Brasil da pobreza rural, do analfabetismo, da fome, da doença. Teve, pelo menos, que reconhecê-lo. E, mesmo sem conseguir modificá-lo, teve de amargar, como ainda o faz, a certeza de que muito do “progresso”, quando não é feito diretamente sob os corpos insepultos dos vários jagunços que erram nos campos (e nas cidades também), é pelo menos de pouca valia para os que, no desespero, ou mergulham na apatia da falta de esperança, ou, quando lutam, fazem-no enredados nalguma forma de messianismo. Isso só bastaria para explicar a permanência desse grande livro.

    ares tudo o que lhe resistisse, partidos, legislaturas, congresso, presidente”.56 Menos do que ver, como Tocqueville, o risco maior para a democracia no Estado centralizador, consequência não intencional da igualdade, Nabuco vê, no fundo, a perda de virtù e o que hoje se chamaria a “excepcionalidade americana”, a crença em seu destino manifesto, a arrogância para com os excluídos e talvez para com o mundo. nabuco depois da república Não foi esta, não obstante, a visão de Nabuco diplomata e do cosmopolita pensando a política internacional, já na fase final de sua vida. Sobre

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