Epifania é a expressão religiosa empregada para designar uma manifestação divina. Por extensão, é o perceber súbito e imediato de uma realidade essencial, uma espécie de iluminação. As crônicas escritas por Caio Fernando Abreu retêm essa qualidade, levam o leitor a enxergar, como num clarão, verdades bem-escondidas.
Este livro apresenta uma seleção dessas epifanias. Suas crônicas têm um caráter de urgência, expondo angústias e inquietações pessoais. Elas revelam o lado significativo de fatos como os horrores da descoberta da aids, abrindo-se para visões poéticas como a da morte que se aproxima na forma do último trem — que também pode ser o primeiro.
A primeira fase de Pequenas epifanias foi publicada no jornal O Estado de S. Paulo entre 1986 e 1989. Depois de um intervalo de três anos, Caio voltou ao terreno da crônica instigado por Antonio Gonçalves Filho, então editor do “Caderno 2” do jornal. É aí que sua escrita de cronista se torna mais visceral, mais atada aos fenômenos da vida e da morte. Como lembra Gonçalves Filho, na apresentação da obra, Caio vinha “disposto a fazer da crônica uma narrativa explicitamente autobiográfica e escandalosamente literária”. Pequenas epifanias foi publicado originalmente em 1996, poucos meses depois da morte de Caio.
Pequenas epifanias
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