há cerca de quinhentos anos, passamos a organizar nosso comportamento e nossa vida, assim como nosso relacionamento com os outros, segundo
UMA VIDA MAQUÍNICA NÃO NOS PERMITE PERDER TEMPO O fato é que nos tornamos seres ansiosos. Os especialistas têm um nome para isso: horror vacui. Não se sabe muito bem desde quando e sob que condições os homens passaram a desenvolver um medo do vazio, um pânico diante do vácuo, um verdadeiro desespero quando estão diante de situações em que, de repente, não têm o que fazer. Parece que nos tornamos máquinas de funcionamento permanente, que não permitem descanso, que precisam funcionar no trabalho, em casa, no lazer, no esporte, no sexo, no sono, em todos os momentos, sem pausa. Estamos todos acometidos do mesmo mal, nossa doença é o horror ao vazio. Horror ao vazio
O escritor Stendhal comentava que muitas vezes, ao encontrar depois de muitos anos uma mulher que ele conhecera quando solteira, ele ficava impressionado com a banalidade de seu caráter, com a insignificância de sua vida. Inverte-se a situação no topo da maturidade,
E o aumento de atividades, sua multiplicação infinita, sua reprodução desordenada, essas milhares de coisas que temos de fazer, que precisamos dar conta, que nos inundam, são feitas apressadamente, de afogadilho, não importa como, o que importa é que se faça. E a vida resume-se nessa massa de experiências mal-vividas, nessas pessoas mal-amadas, nessa existência mal-sentida. Isso tudo porque não podemos perder tempo. Tempo, a única coisa que teremos acumulado na vida, tempo ganho para investir em novas agitações frenéticas, para ganhar mais tempo.
