PERISPÍRITO E MEDIUNIDADE – UMA VISÃO PANORÂMICA

Sabemos que a Natureza manifesta-se através de um sem número de fenômenos, os quais apresentam as mais diversas modalidades, e que inicialmente foram registrados pelos seres humanos somente por meio da utilização de seus órgãos sensoriais. E, posteriormente a possibilidade de registro de tais eventos foi ampliada em gênero e em quantidade, em razão da utilização de instrumentos e de recursos mais avançados, resultantes do uso da razão e da inteligência. Assim, hoje estamos muito mais capacitados para analisar os fenômenos da natureza do que no passado remoto. Entretanto a possibilidade de captação mental desses estímulos produzidos no meio exterior não fica restrita às possibilidades orgânicas, mas também à dinâmica dos processos mentais e espirituais, já que os sentidos humanos não são rudimentares, eles são resultantes de sistemas complexos, são reflexos de capacidades presentes no perispírito, e este é o objeto de estudo do presente livro. Esta obra é resultante de alguns anos de atividade e de experiências na área de pesquisa científica de temas espíritas (principalmente aqueles relacionados à mediunidade e ao perispírito), já que, na verdade, sempre sentimos uma grande deficiência de obras específicas sobre metodologias de pesquisas espíritas. Segundo nós acreditamos, existe a necessidade de se apontar para um novo horizonte no âmbito espírita-científico, seja buscando diretamente as orientações específicas com os Mentores Espirituais, seja através dos próprios trabalhos de pesquisa realizados pelos pesquisadores reencarnados. Reconhecemos que no começo de nossas atividades enveredamos pela epistemologia (1) da Ciência, e muitas vezes, por falta de opções, tivemos de utilizar o “famoso” método aprenda fazendo que acaba tornando inviável uma pesquisa mais profunda e abrangente no setor mediúnico. O resultado de tudo isso era, obviamente, uma constante sensação de desconforto e de ter “passado muito longe” daquilo que havia sido inicialmente projetado, já que, se por um lado nós estávamos seguros com relação às informações espirituais de que dispúnhamos (2), por outro lado nós não encontrávamos uma metodologia específica e abrangente para poder “dissecar” aquelas informações e penetrar com mais segurança “pelos caminhos do espírito”. (1) – Teoria da origem, natureza e limites do conhecimento científico. (2) – Baseados principalmente nas obras de André Luiz. A frustração era inevitável, até que um dos alunos do curso de médiuns que ministrávamos em Niterói (RJ) sugeriu que nós escrevêssemos um livro focando exatamente a nossa experiência pessoal sobre o tema, e algumas propostas para o estabelecimento de parâmetros e de metodologias específicas para a pesquisa científica espírita. Na verdade, inicialmente não nos achamos com a devida capacidade para levar adiante, mas com o passar do tempo, amadurecemos esse projeto e iniciamos a composição desse livro (e, em virtude do nosso propósito inicial, decidimos incluir aqui a apostila que nós fizemos para o curso de mediunidade, e que já havíamos atualizado), além de informes sobre pesquisas científicas que já havíamos escrito (e que compõem todo o Capítulo I da presente obra). Conforme é sabido, a Ciência é fruto da atividade científica, a qual é caracterizada por dois aspectos complementares: a teoria (conjunto de princípios inalteráveis, e de princípios diversos, sujeitos à constante atualização), e a prática (procura de fatos que se enquadrem com uma teoria, sendo, portanto, explicados por ela). O pesquisador, o cientista é então, alguém que interage de maneira constante com os dois aspectos que citamos acima, além de ter de lidar também com as regras metodológicas ou paradigmáticas, e, o pesquisador espírita ainda hoje enfrenta barreiras dentro do próprio Movimento Espírita. A fenomenologia espírita é muito abrangente e nós necessitamos compreendê-la melhor, justamente porque em razão da generalizada ocorrência de fenômenos de origem metaf