Pilar
Esse é outro romance de fôlego de JH Henriques. Ambientando no século XVIII, o romance mostra a entrada de um casal em rumo ao Norte de Goiás, em fuga desenfreada por haver culpa de certo crime sobre as costas. A partir desse enredo, as complicações e dificuldades. Conhecedor profundo dessa região, o Pilar é terra querida do autor. É mesmo um caminho por onde passa para as suas pescarias no rio Crixás, terras do estado de Goiás. Henriques é o escritor mineiro mais goiano que existe. Fragmento de Pilar: Pois, o que se vê num céu assim, dizer pode até ser que nada, a não ser medir a falta de crepúsculo que se adensa na tubulação das horas. Acabei de chegar de lugar nenhum e já escuto uma cantiga de passarinho joão-congo me chamando para o pesado. Canto dele é assim, cruwwwwrizris, porém, num tango de capacidade dita monumental. Passarinho chama para o pesado somente quando sente falta da gente, desumano fica por demais ensaiar indiferença, mesmo que seja seu chiado de longevidade um grilo dentro da batida da cabeça. Estive fora de casa por dois dias apenas e já me vem esta confusão de passarinho sentir a minha falta? Que de jeito nenhum é que assim deveria ser, pelo menos enquanto ditas normais forem as coisas. Acabei de chegar e já retomo a divindade de minhas varetas, as que desponto, taboca grata, para encimar a projeção de alguma necessidade. Passarinho chama para o pesado e isso é uma moléstia que o mato anima e cutuca. Há um alvoroço de muito silêncio na crepitação do mormaço. Nunca neguei que há uma certa dificuldade em desafiar a terra. É até possível. Porém, a derrota quase sempre é o certo para quem se entende de desafiar a terra e seus sons mais entalhados. Há uma aprendizagem deslizada para qualquer criatura que se submete a medir a distância entre um instante de canto de joão-congo e a malhada de um som na altura, páaaa/páaaaaaaaa, quando é alguma criatura viva que faz o músculo descer contra uma estampa de pau. Ficam claras as diferenças entre a batida de um pica-pau, por exemplo, e a sonoridade provocada pelos rumos e alturas dos homens. Na contracena de um pica-pau sempre tem um suporte liso para ouvido e outro denso para os olhos. Quando é o machado que desce, porém, a curva fica rija como falta de desejo.
Esse é outro romance de fôlego de JH Henriques. Ambientando no século XVIII, o romance mostra a entrada de um casal em rumo ao Norte de Goiás, em fuga desenfreada por haver culpa de certo crime sobre as costas. A partir desse enredo, as complicações e dificuldades. Conhecedor profundo dessa região, o Pilar é terra querida do autor. É mesmo um caminho por onde passa para as suas pescarias no rio Crixás, terras do estado de Goiás. Henriques é o escritor mineiro mais goiano que existe. Fragmento de Pilar: Pois, o que se vê num céu assim, dizer pode até ser que nada, a não ser medir a falta de crepúsculo que se adensa na tubulação das horas. Acabei de chegar de lugar nenhum e já escuto uma cantiga de passarinho joão-congo me chamando para o pesado. Canto dele é assim, cruwwwwrizris, porém, num tango de capacidade dita monumental. Passarinho chama para o pesado somente quando sente falta da gente, desumano fica por demais ensaiar indiferença, mesmo que seja seu chiado de longevidade um grilo dentro da batida da cabeça. Estive fora de casa por dois dias apenas e já me vem esta confusão de passarinho sentir a minha falta? Que de jeito nenhum é que assim deveria ser, pelo menos enquanto ditas normais forem as coisas. Acabei de chegar e já retomo a divindade de minhas varetas, as que desponto, taboca grata, para encimar a projeção de alguma necessidade. Passarinho chama para o pesado e isso é uma moléstia que o mato anima e cutuca. Há um alvoroço de muito silêncio na crepitação do mormaço. Nunca neguei que há uma certa dificuldade em desafiar a terra. É até possível. Porém, a derrota quase sempre é o certo para quem se entende de desafiar a terra e seus sons mais entalhados. Há uma aprendizagem deslizada para qualquer criatura que se submete a medir a distância entre um instante de canto de joão-congo e a malhada de um som na altura, páaaa/páaaaaaaaa, quando é alguma criatura viva que faz o músculo descer contra uma estampa de pau. Ficam claras as diferenças entre a batida de um pica-pau, por exemplo, e a sonoridade provocada pelos rumos e alturas dos homens. Na contracena de um pica-pau sempre tem um suporte liso para ouvido e outro denso para os olhos. Quando é o machado que desce, porém, a curva fica rija como falta de desejo.
