Poemas de Álvaro de Campos
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O mundo é para quem nasce para o conquistar E não para quem sonha que pode conquistá-lo, ainda que tenha razão.
Todos julgamos que seremos vivos depois de mortos. Nosso medo da morte é o de sermos enterrados vivos.
Eu adoro todas as coisas E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. Tenho pela vida um interesse ávido Que busca compreendê-la sentindo-a muito. Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo,
Porque é sempre de nós que nos separamos quando deixamos alguém, É sempre de nós que partimos quando deixamos a costa, A casa, o campo, a margem, a gare, ou o cais. Tudo que vimos é nós, vivemos só nós o mundo. Não temos senão nós dentro e fora de nós, Não temos nada, não temos nada, não temos nada…
Da casa do monte, símbolo eterno e perfeito, Vejo os campos, os campos todos, E eu os saúdo por fim com a voz verdadeira, Eu lhes dou vivas, chorando, com as lágrimas certas e os vivas exatos — Eu os aperto a meu peito, como filho que encontrasse o pai perdido. Vivam, vivam, vivam Os montes, e a planície, e as ervas! Vivam os rios, vivam as fontes! Vivam as flores, e as árvores, e as pedras! Vivam os entes vivos e os bichos pequenos, Os bichos que correm, insetos e aves, Os animais todos, tão reais sem mim, Os homens, as mulheres, as crianças, As famílias, e as não-famílias, igualmente! Tudo quanto sente sem saber porquê! Tudo quanto vive sem pensar que vive! Tudo que acaba e nunca se aumenta com nada, Sabendo, melhor que eu, que nada há que temer, Que nada é fim, que nada é abismo, que nada é mistério, E que tudo é Deus, e que tudo é Ser, e que tudo é Vida.
Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija.
Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Eu adoro todas as coisas E o meu coração é um albergue aberto toda a noite. Tenho pela vida um interesse ávido Que busca compreendê-la sentindo-a muito. Amo tudo, animo tudo, empresto humanidade a tudo, Aos homens e às pedras, às almas e às máquinas. Para aumentar com isso a minha personalidade. Pertenço a tudo para pertencer cada vez mais a mim próprio E a minha ambição era trazer o universo ao colo Como uma criança a quem a ama beija.
Eu sou Eu. Viva eu porque estou morto! Viva! Eu sou eu.
O que é haver ser, o que é haver seres, o que é haver coisas, O que é haver vida em plantas e nas gentes, E coisas que a gente constrói — Maravilhosa alegria de coisas e de seres — Perante a ignorância em que estamos de como isto tudo pode ser. 1923~1930
Ah, estou liberto! Ah, quebrei todas As algemas do pensamento.
Não há abismos! Nada é sinistro! Não há mistério verdadeiro! Não há mistério ou verdade!