Poeta de inspiração bíblica, Augusto Frederico Schmidt foi um lírico amoroso de tonalidade única na literatura brasileira. Qual a mulher que não se sentiria gloriosa, homenageada com versos como esses: "Quando repousarás em mim como a poesia nos grandes poetas/ Como a pureza na alma dos santos/ Como os pássaros nas torres das igrejas?/ Quando repousará o teu amor no meu amor?". Pertencendo, cronologicamente, à segunda fase do Modernismo, Schmidt sempre se caracterizou pela independência em relação a modas literárias. Na contramão das frases curtas, concisas, econômicas dos modernistas, expressava -se num estilo derramado, fluvial, cheio de repetições. Essa singularidade se afirma desde o primeiro livro, Canto do brasileiro Augusto Frederico Schmidt, no qual rebela-se contra o lirismo dominante: "Não quero mais o Brasil/ Não quero mais geografia/ Nem pitoresco."O poeta queria descobrir sua geografia interna, os caminhos a serem seguidos por seu espírito, sem imposições de modas. A insatisfação com a realidade cotidiana acaba por levá-lo a um permanente processo de fuga, do mundo e de si mesmo. Só havia uma saída: "Cantar - claro cantar - para não ficar louco.". Mas parece que, quanto mais se buscava, mais se estranhava e mais se afastava de si mesmo, romântico e insatisfeito, com forte tendência à melancolia e ao isolamento, preocupado com a morte, solitário e angustiado. Esse quadro sombrio foi, de certa maneira, resgatado por seu forte sentimento religioso, ou antes, uma vaga religiosidade, talvez mais uma busca do que uma crença que, de certa forma, contaminou também sua poesia, "de sentimento romântico fundamente brasileiro, a que se junta certa nostalgia oriental" (Carlos Drummond de Andrade) e na qual a relação entre homem e mulher está tingida por uma vaga e incerta religiosidade.
Poemas de amor
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