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    Pornopopéia

    Por Reinaldo Moraes
    Existem 11 citações disponíveis para Pornopopéia

    Sobre



    Ex-cineasta marginal obrigado, pela necessidade, a filmar vídeos promocionais, Zeca tem um único longa-metragem em seu currículo. Intitulado ?Holisticofrenia?, foi rodado sem recorrer à verba oficial ou à renúncia fiscal. ?A única renúncia no filme foi à lógica?, diz o protagonista. Como Zeca, Reinaldo Moraes chutou o balde vazio da literatice bem-pensante na hora de escrever ?Pornopopéia?.
    Vivendo na base do improviso, sem dinheiro, Zeca precisa rodar um vídeo institucional sobre embutidos de frango. Sem saber ao certo por onde começar, no entanto, ele acaba entrando numa espiral de sexo, bebidas e drogas. Esse é o ponto de partida do romance de Reinaldo Moraes, que escreveu um livro de excessos para a era dos excessos. O protagonista do livro é um produto do nosso tempo, com seu individualismo atroz e sua busca pelo prazer imediato. Sua ambição não é grande, mas seu apetite (por orgasmos e substâncias ilícitas) beira a voracidade. Essa fome o faz mergulhar numa jornada desregrada, de proporções quase épicas, que o autor narra com um texto fluido, inquieto, sempre em movimento, como o personagem.
    Na contramão dos (anti-)heróis tradicionais, Zeca não está atrás de redenção ou disposto a se transformar. Na maior parte do tempo, quer (muito) sexo, (muitas) drogas e mais nada. Não enxerga o ontem e o amanhã, só o agora. Pela sua atualidade e também pela maneira como o autor domina o texto ? de ritmo nervoso, ecoando o que se diz nas ruas, e não nos departamentos de literatura ?, ?Pornopopéia? é uma experiência única. E seus efeitos não são passageiros.
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    Citações de Pornopopéia

    Foi aí que rolou uma coisa muito doida, que você nem imagina. Um porno-arrastão, nada menos. Dois pivetes e uma guria, uns 12 anos, eles, uns 14, ela, já bem taludinha. Descalços e encardidos, cada qual segurava umas folhas de uma velha revista de foda que alguém tinha jogado fora. Eles iam prendendo as folhas com as fotos no para-brisa dos carros parados, por baixo dos limpadores. Em vez de pedir esmola, vender chiclete ou enfiar um cano na cara da gente, eles executavam aquela performance dadaísta bem diante do cemitério.

    A alma, como se sabe, é um organismo arcaico com três órgãos: miolos, estômago e genitália.

    Viver numa sociedade regida pelo dinheiro pode ser uma merda e tudo, mas, porra, um pedacinho de papel pintado que pode ser trocado tanto por um prato de espaguete com vinho numa cantina do Bexiga quanto por uma peteca de cocaína ou uma bela buceta semidepilada à meia-noite e pico na rua é de tirar o chapéu, fala a verdade.

    Você vê um casal sem se falar na praia, ou num restaurante, e já sabe que estão há muito tempo sem sexo. Casal que fode, fala, casal que não fode, cala, e se fala é só bate-boca.

    Fazer uma mulher rir é fundamental. Mas tem que ter cuidado: se ela ficar rindo demais, o tempo todo, é sinal de que você virou um palhaço. E palhaço não dá tesão em mulher nenhuma.

    a memória é um pesadelo fílmico do David Lynch. Não é à toa que ela vem com um dispositivo autolimpante — o esquecimento.

    Ela fazia a ronda das pirocas, a ver qual lhe traria a felicidade naquela noite.

    Quero morrer gordo e barrigudo, pesando de dois a três engradados de cerveja acima do peso ideal. E, quando eu for incinerado, de preferência post-mortem, quero ouvir do além minhas banhas chiando alto na fornalha do crematório e fruir o aliciante aroma porcino que de mim se evolará.

    Mesmo com aquele coquetel de dietilamina de ácido lisérgico, tartarato de ergotamina e alguma bosta de anfetamina barata a me expandir as volúveis volutas da vã veneta, pra dizer a coisa de forma singela, tive a manha de me perguntar com razoável bom senso: ondé q’cê veio pará, mermão?

    O papo ali era foco no cliente, agregar valor, sinergia, comunicação integrada, trade marketing, upscaling, benchmarking, opportunity scanning e o caralhaquatring. Levemente cheirado e fumado — sempre dou uns pegas e uns tirinhos no carro antes das reuniões —, eu boiava naquele patuá barbárico. Fico dois, três meses sem pegar um job, e quando volto à ativa já não entendo metade do que esses caras falam, tão rápido se renova a porra do marquetês. Uma hora lá, pra marcar presença, sugeri um slogan que tinha acabado de me vir à testa: “Porco só dá chabu. Peça Itaquerambu – o embutido do frango bidu.”

    Filho é foda. Bicho feito sob medida pra dar saudade e culpa na gente.

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