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    Recordações do Escrivão Isaías Caminha

    Recordações do Escrivão Isaías Caminha

    Por Afonso Henriques de Lima Barreto
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    Citações de Recordações do Escrivão Isaías Caminha

    Os homens têm amor à utopia quando condensada em fórmulas de felicidade;

    eles aproveitam esse poder que lhes dá a fatal estupidez das multidões! Fazem de imbecis gênios, de gênios imbecis; trabalham para a seleção das mediocridades,

    Todos nós temos que nos submeter a eles, adulá-los, chamá-los gênios, embora intimamente os sintamos ignorantes, parvos, imorais e bestas…

    Nada há tão parecido como o pirata antigo e o jornalista moderno: a mesma fraqueza de meios, servida por uma coragem de salteador; conhecimentos elementares do instrumento de que lançam mão e um olhar seguro, uma adivinhação, um faro para achar a presa e uma insensibilidade, uma ausência de senso moral a toda a prova… E assim dominam tudo, aterram, fazem que todas as manifestações de nossa vida coletiva dependam do assentimento e da sua aprovação…

    Era a Imprensa, a Onipotente Imprensa, o quarto poder fora da Constituição!

    Ricardo Loberant,

    Porque é feita para diminuir em nós o que é de mais estrutural e de mais profundo: a individualidade, o prazer e os instintos!

    Quanta penetração! quanto amor! que estudo e saber não lhe eram exigidos! Era preciso tudo, tudo! A quiromancia e a matemática, a grafologia e a química, a teologia e a física, a alquimia!… Era preciso saber tudo e sentir tudo! Era na verdade um vasto e alevantado ofício! Pensando, subia a escada da Câmara dos deputados da República dos Estados Unidos do Brasil. Ao

    Nada há tão parecido como o pirata antigo e o jornalista moderno: a mesma fraqueza de meios, servida por uma coragem de salteador; conhecimentos elementares do instrumento de que lançam mão e um olhar seguro, uma adivinhação, um faro para achar a presa e uma insensibilidade, uma ausência de senso moral a toda a prova… E assim dominam tudo, aterram, fazem que todas as manifestações de nossa vida coletiva dependam do assentimento e da sua aprovação… Todos nós temos que nos submeter a eles, adulá-los, chamá-los gênios, embora intimamente os sintamos ignorantes, parvos, imorais e bestas… Só se é geômetra com o seu placet, só se é calista com a sua confirmação e se o Sol nasce é porque eles afirmam tal coisa… E como eles aproveitam esse poder que lhes dá a fatal estupidez das multidões! Fazem de imbecis gênios, de gênios imbecis; trabalham para a seleção das mediocridades, de modo que…

    Não estava só; acompanhava-o o doutor Michel Michaelowsky, jornalista brasileiro a quem fui apresentado. — Do Jornal do Brasil? perguntei. — Não, senhor. Trabalhei no O Combate, de Belém; na Gazeta de Leopoldina; no Deutsches Tageblatt, de Blumenau; no Al-Barid, de S. Paulo e aqui, no Rio, no Harun-al-Raschid, órgão da colônia síria. Pretendo, porém, acrescentou, entrar em breve para o O Globo, onde vou fazer o artigo de fundo e tratarei da política interna.

    “Tem a palavra o doutor Carlos Barromeu.” Com certeza, pensei, esse homem foi ofendido e vai defender-se. . “Senhor Presidente”, começou, “há uma patologia social como há uma individual…” Em resumo: o seu discurso afirmava que o chefe de polícia de Santa Catarina era um homem honesto e o jornalista que o insultara, um verme asqueroso e um réptil nojento.

    Eu parava diante de uma e de outra, fascinado por aquelas coisas frágeis e caras. As botinas, os chapéus petulantes, as linhas das roupas brancas, as gravatas ligeiras, pareciam dizer-me: Veste-me, ó idiota! nós somos a civilização, a honestidade, a consideração, a beleza e o saber. Sem nós não há nada disso; nós somos, além de tudo, a majestade e o domínio!

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