A palavra ideal, que tanto tem servido para críticos dissertarem, não tem realmente nenhuma significação quando se trata de Shakespeare; mas a palavra absoluto possui significação em grau máximo. Poderá dizer-se que o amor de Romeu e Julieta é ideal? Não há um único dos elementos deste amor que não se encontre na mais concreta realidade e não obstante a reunião de todos estes elementos forma a própria perfeição do amor. Esta concordância completa de todos os elementos duma mesma paixão é rara sem dúvida; mas compreendemos que ela não é impossível e desde então onde está o ideal? Em compensação, se se lhe não pode chamar ideal, há-de chamar-se a essa paixão absoluta, porque não lhe falta nenhum dos elementos que são precisos para constituir o amor na sua integralidade. O amor de Romeu e de Julieta é mais do que ideal, ou antes, não tem necessidade nenhuma de epíteto qualificaste: é amor.
Romeu e Julieta
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