We love eBooks
    Baixar S. Bernardo pdf, epub, eBook
    Editora

    S. Bernardo

    Por Graciliano Ramos
    Existem 5 citações disponíveis para S. Bernardo

    Sobre



    Defrontado consigo mesmo e suas lembranças, no declínio de um atribulado percurso de vida, Paulo Honório, que chegara a ser um poderoso fazendeiro do sertão alagoano, conta a sua história. E o que nos fica é a figura de um homem simplório, perplexo diante da complexidade da existência sobre a qual lutou, sempre, para se manter no papel de protagonista, e que teve entretanto suas ações voltadas contra si mesmo. É o perfil de um homem envolvido quase instintivamente no jogo de poder, na arriscada aposta da lei do mais forte, e para quem o triunfo rende apenas o vazio e o abandono.

    Ao final, Paulo Honório deixa de lado o que conquistou, oprimido pela constatação de que perdeu justamente o que poderia humanizar sua vida, inclusive sua mulher, Heloísa, a quem se culpa, no fundo, por ter destruído. O que escapou a Paulo Honório foi a capacidade de manter o que lhe poderia despertar a aptidão para amar.

    A par da elaborada teia existencial desenvolvida ao longo da trama - pelos conflitos entre as visões de mundo incorporadas pelos personagens - destaca-se um texto riquíssimo, principalmente nas falas de Paulo Honório, construído em metáforas surpreendentes, embora disfarçadas pela concretude das palavras.

    Ciúme, solidão... Não há sínteses satisfatórias para um romance como este, de linhagem genuinamente machadiana, em que a alma dos personagens se expõe com tanta crueza e exatidão. São Bernardo é a obra que projetou Graciliano Ramos como um dos maiores escritores brasileiros.
    Baixar eBook Link atualizado em 2017
    Talvez você seja redirecionado para outro site

    Citações de S. Bernardo

    A verdade é que não me preocupo muito com o outro mundo. Admito Deus, pagador celeste dos meus trabalhadores, mal remunerados cá na terra, e admito o diabo, futuro carrasco do ladrão que me furtou uma vaca de raça. Tenho portanto um pouco de religião, embora julgue que, em parte, ela é dispensável num homem. Mas mulher sem religião é horrível.

    Confio em mim. Mas exagerei os olhos bonitos do Nogueira, a roupa benfeita, a voz insinuante. Pensei nos meus oitenta e nove quilos, neste rosto vermelho de sobrancelhas espessas. Cruzei descontente as mãos enormes, cabeludas, endurecidas em muitos anos de lavoura. Misturei tudo ao materialismo e ao comunismo de Madalena — e comecei a sentir ciúmes.

    O que estou é velho. Cinquenta anos pelo S. Pedro. Cinquenta anos perdidos, cinquenta anos gastos sem objetivo, a maltratar-me e a maltratar os outros. O resultado é que endureci, calejei, e não é um arranhão que penetra esta casca espessa e vem ferir cá dentro a sensibilidade embotada.

    Palavras de arrependimento vieram-me à boca. Engoli-as, forçado por um orgulho estúpido. Muitas vezes por falta de um grito se perde uma boiada.

    Escola! Que me importava que os outros soubessem ler ou fossem analfabetos?

    eBooks por Graciliano Ramos

    Página do autor

    Relacionados com esse eBook

    Navegar por coleções