A obsolescência programada, baluarte da globalização e um dos principais fundamentos do mundo Neoliberal e Neopós-moderno capitalista, trouxeram para a sociedade planetária problemas que ela não soube e não sabe resolver.
Problemas estes relacionados não somente as questões humanas, sociais e econômicas, frente ao Individualismo e à Meritocracia (valores propagados pelo capital), mas também e, sobretudo, problemas ambientais; do mundo físico, consequentes da Mercantilização de todas as coisas, materiais e imateriais; consequentes da busca antiética pelo lucro certo, pelo lucro a qualquer preço.
Nesse cenário de catástrofes humanas, sociais e ambientais, surge e apresenta-se outra catástrofe: a catástrofe da escola.
Ou seja, numa era onde se impera a ética do Individualismo e da Meritocracia, como sendo, de fato, sinônimos da justificativa da exclusão, a escola se torna ideológica, na medida em que é especificamente concebida pelo Estado Mínimo Capitalista como o lugar onde os preceitos de humanização e emancipação intelectual são abortados, dinamitados; e, numa outra via, sistematizado o corolário capitalista como sendo seu conteúdo ético pedagógico.
A globalização Neoliberal, ao mesmo tempo, que trouxe à possibilidade de mostrar os diferentes e/ou as diferenças culturais planetárias, nos seus diferentes povos, por outro lado, associada às políticas capitalistas de expansão de mercados consumidores, paradoxalmente potencializou o desenvolvimento do individualismo, do consumismo, do hedonismo antivirtuoso, do narcisismo, do genocídio, do xenofobismo e dos nacionalismos, levando as sociedades do capital para longe da capacidade de coexistir, de tolerar, de respeitar as diferenças.
Nesse sentido, a desumanização imperou como conteúdo ético capitalista em escala global, planetária, sob a insígnia de repúblicas democráticas capitalistas, comparadas a democracia Ateniense, do mundo Grego, onde aproximadamente noventa por cento dos habitantes não eram considerados cidadãos plenos e, portanto, não participavam dos rumos, das decisões da polis, por questões nacionalistas, de autoctonia, anticosmopolitas, sendo estas justificadas pela premissa da busca da autopreservação enquanto sociedade.
À volta a esse tipo de nacionalismo xenofóbico, exacerbado e centrado em si, de “glória do eu mesmo” e de “desprestígio do outro”, por meio dessa Globalização Neoliberal Capitalista, entrou pelas veias dos diferentes povos, como uma espécie de chip da ignorância contra os diferentes e as diferenças; contra os estrangeiros, ou seja, contra os ditos estranhos; contra os ditos inimigos em potencial; contra os não “Eus” que, pela globalização, passaram a ter que enxergar, sistematizando a sociedade dos mesmos, transformando, pela coação, pela educação ou pela coerção, o outro no mesmo.
Princípios de sustentabilidade, biodiversidade, educação ambiental, tolerância e respeito às diferenças passaram então a ser perseguidos como ideais biófilos por uma pequena parcela social e, em outra, por parte dos capitalistas, tentando mascarar suas reias responsabilidades, jogando a solução desses problemas para a sociedade, sabendo que a mesma não tem condições de resolvê-los.
Redefinições no caráter da educação, no papel da escola e no que diz respeito à função social do professor, passaram a soar como um imperativo, na medida em que a condição humana desumanizada passou a ser percebida como um produto da sociedade do capital, demonstrando a impotência da escola no enfrentamento desse problema.
Ou seja, a escola, hoje, nas sociedades do capital, é catastrófica porque reflete e reproduz essa sociedade perversa, corrompendo, impedindo o indivíduo que nela entra de educar-se de fato, de humanizar-se, de emancipar-se intelectualmente, ou seja, de poder desenvolver-se, desenvolvendo em si uma condição humana verdadeiramente humanizada.
A escola, hoje, não passa de um sofisma grego: o ideal da estátua. O ideal de poder vir a ser o eu mesmo, o mesmo sempre; o
SER (TUDO) O QUE SE PODE SER
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