Diferente também na sua origem, o texto tem por base uma tradução comentada de passagens de Du suicide et ses causes, um capítulo das memórias de Jacques Peuchet, diretor dos Arquivos da Polícia de Paris durante o período da Restauração, que se torna uma espécie de "co-autor" desta obra.
Publicado uma única vez durante a vida de Marx, em 1846, e com grande parte da escrita feita por outra pessoa, por que ainda considerá-lo um texto de sua autoria? Para Löwy: "Além de havê-lo assinado, Marx imprimiu sua marca ao documento de várias maneiras: na introdução escrita por ele, na seleção dos excertos, nas modificações introduzidas pela tradução e nos comentários com que temperou o documento. Mas a principal razão pela qual essa peça pode ser considerada expressão das idéias de Marx é que ele não introduz qualquer distinção entre seus próprios comentários e os excertos de Peuchet, de modo que o conjunto do documento aparece como um escrito homogêneo, assinado por Karl Marx".
A partir dos interessantes casos policiais de suicídio relatados por Peuchet, Marx tece as relações entre a vida privada e a estrutura social. Analisa o suicídio como expressão extrema de uma sociedade doente, de um sistema que necessita de uma transformação radical para resolver não só as questões do campo da política e da economia, mas também as opressões nas relações sociais e o mal-estar dos indivíduos.