Estimular o crescimento econômico do Brasil e conjugá-lo com a resolução de seus imensos desajustes sociais são itens presentes na agenda política nacional há algumas décadas.
Pode-se afirmar que este e outros dilemas que hoje ocupam posto central nos debates sobre o desenvolvimento da economia capitalista no Brasil foram brilhantemente enfrentados nos anos 1960 por Florestan Fernandes com a publicação de Sociedade de Classes e Subdesenvolvimento. No livro, Florestan aponta que os contornos funestos que adquiriram momentos importantes da história brasileira do século XIX, como o processo de independência política do país e a abolição da escravidão - e a consequente emergência do trabalho livre -,contribuíram para a constituição de grandes desalinhos na formação brasileira, visto que as mudanças jurídico-políticas não produziram as alterações socioeconômicas necessárias para a construção de uma ordem social competitiva.
A inclusão da economia brasileira no mercado mundial vicejado pelo sistema capitalista é analisada pelo autor em suas diversas faces. De acordo com Florestan, a modernização que se configuraria para um país posicionado na periferia do processo civilizatório levaria à formação de uma sociedade de classes duplamente dependente, pois os rumos de sua economia encontravam-se umbilicalmente vinculados aos interesses e desígnios dos países ricos, bem como seu desenvolvimento sociocultural impossibilitado de se construir de forma autônoma.
A reedição de Sociedade de classes e subdesenvolvimento é muito oportuna, tendo em vista que no momento atual a nação brasileira assiste às tentativas dos poderes públicos de estabelecerem dispositivos com o intuito de corrigir as desigualdades socioeconômicas criadas no âmbito do capitalismo brasileiro.
Sociedade de classes e subdesenvolvimento
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