Um casarão do Pelourinho transformado em cortiço, com suas dezenas de moradores pobres e marginalizados, é o ambiente de Suor, publicado em 1934, quando Jorge Amado tinha 22 anos. De modo cru, mas com sua característica prosa envolvente e calorosa - sempre atenta à musicalidade da fala popular -, Jorge narra um cotidiano de miséria, falta de higiene e ausência de perspectivas. Nos quartos precários do cortiço, homens e mulheres convivem com ratos e baratas e dão vazão às pulsões mais básicas.
Os diversos personagens ganham em algum momento o primeiro plano do relato. Há o mascate judeu que percorreu o mundo e fala oito línguas, o homem sem braços que faz propaganda de lojas, a velha prostituta que não consegue mais arranjar freguês, o operário anarquista que vive com um gato, a costureira que sonha com um casamento para a afilhada virgem, entre outras figuras sofridas.
Jorge Amado cria ao mesmo tempo um painel social e um estudo sutil dos sentimentos humanos que florescem nas situações mais adversas. Apesar da dureza do dia a dia, o humor e a solidariedade encontram frestas para se manifestar, e uma crescente consciência política se espalha entre alguns moradores do cortiço.
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