Que o leitor apressado não se engane pelo título. Telehoq não é uma inversão satírica ou diabólica do Qohelet bíblico: é, talvez, uma versão contemporânea (uma tradução infiel, comme il faut) que não se furta aos desafios mais espinhosos de um texto dúctil e desconcertante, a começar pelo "hebel" hebraico, tradicionalmente traduzido como "vaidade", mas vertido aqui como "vento, alento e desalento". Não que a vaidade (a vacuidade) esteja ausente do texto de Aurélio Pinotti; ao contrário, ela perpassa o(s) poema(s) como um estribilho secreto, retomado em variações mais ou menos engenhosas. Podemos nos perguntar se o propósito de apresentar uma nova versão de um texto arquitraduzido não é uma reiteração tediosa do "Nada de novo sob o sol" (versículo curiosamente ausente do texto de Telehoq); que o leitor responda se as palavras aqui reunidas são apenas uma performance da eterna labuta sob o sol anônimo ou se, numa página ou noutra, algo de alma se insinua.
Telehoq
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