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    Tenda dos milagres

    Por Jorge Amado
    Existem 8 citações disponíveis para Tenda dos milagres

    Sobre

    Na Tenda dos Milagres, na ladeira do Tabuão, em Salvador, onde o amigo Lídio Corró mantém uma modesta tipografia e pinta quadros de milagres de santos, o mulato Pedro Archanjo atua como uma espécie de intelectual orgânico do povo afro-descendente da Bahia. Autodidata, seus estudos sobre a herança cultural africana e sua defesa entusiástica da miscigenação abalam a ortodoxia acadêmica e causam indignação entre a elite branca e racista.

    A história é contada retrospectivamente, em dois tempos. Em 1968, a passagem por Salvador de um célebre etnólogo americano admirador de Archanjo desencadeia um revival de sua vida e obra. Para a comemoração do centenário de nascimento do herói redescoberto, arma-se todo um circo midiático. Contrapondo-se a essa apropriação política da imagem de Archanjo, sua trajetória é narrada paralelamente como foi preservada na memória do povo: os amores, as polêmicas com os luminares da universidade, os confrontos com a polícia.

    Ao contar a história desse herói complexo, também conhecido como "Ojuobá, os olhos de Xangô", Jorge Amado traça um painel da cultura negra baiana e de sua resistência contra a repressão violenta a que foi submetida nas primeiras décadas do século XX, resgatando e exaltando manifestações como o candomblé, a capoeira, os afoxés e o samba de roda.Escrito em 1969, com a verve e a sensualidade habituais do autor, Tenda dos Milagres atesta seu amor à cultura afro-brasileira e seu humanismo radicalmente libertário. Foi adaptado com sucesso para o cinema, por Nelson Pereira dos Santos, e para a televisão, como minissérie da Rede Globo.

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    Citações de Tenda dos milagres

    quanto mais ele mata mais nasce e cresce gente e há de nascer, de crescer e de se misturar,

    Meu bom, a toda hora acontecem coisas, coisas lindas, umas de rir, outras de chorar. Vá, desamarre a língua, camarado, que boca foi feita para falar.

    Triste época dos médicos literatos, mais interessados nas regras da gramática do que nas leis da ciência, mais fortes na colocação dos pronomes do que no trato dos bisturis e dos micróbios. Em vez de lutar contra as doenças, lutavam contra os galicismos, e em vez de investigar as causas das endemias e combatê-las, criavam neologismos: anidropodotecas para substituir galochas. Prosa tersa, vernácula, clássica; ciência falsa, pífia, reacionária.

    gazetas protestavam contra o “modo por que se tem africanizado, entre nós, a festa do Carnaval, essa grande festa de civilização”. Durante os primeiros anos do novo século, a campanha de imprensa contra os afoxés cresceu violenta e sistemática a cada sucesso dos “cordões dos africanos” e a cada fracasso das grandes sociedades carnavalescas — com a Grécia antiga, com Luís XV, com Catarina de Médicis —, ai-jesus dos senhores do comércio, dos doutores, dos ricos. “A autoridade deveria proibir esses batuques e candomblés, que, em grande quantidade, alastram as ruas nesses dias, produzindo essa enorme barulhada, sem tom nem som, como se estivéssemos na Quinta das Beatas ou no Engenho Velho, assim como essa mascarada vestida de saia e torço, entoando o abominável samba, pois que tudo isso é incompatível com o nosso estado de civilização”, bradava o Jornal de Notícias, poderoso órgão das classes conservadoras.

    Afinal, que tenta ele nos impingir como supra-sumo da ciência? Baboseiras em mau português sobre a ralé, o zé-povinho. Quem foi esse tal Archanjo? Alguma figura exponencial, um professor, um doutor, um luminar, um prócer político, ao menos um comerciante rico? Nada disso: um reles bedel da Faculdade de Medicina, pouco mais que um mendigo, praticamente um operário.

    aqui nesse território a capoeira angola se enriqueceu e transformou: sem deixar de ser luta, foi balé.

    Não, não ia a rebolar-se, pois era a própria dança, convite e oferta.

    São vários os riscadores de milagres, a traçá-los no óleo, nas tintas de água e cola, no lápis de cor.

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