É bastante conhecido o diálogo de textos medievais de origens diversas com as obras de Aristóteles. O campo da Escolástica, antes de todos os demais, oferece-nos as referências mais óbvias e notórias. Contudo, fontes as menos previsíveis – como as crônicas e outras fontes narrativas do período – podem também nos mostrar em menor ou maior intensidade a intertextualidade aristotélica. O presente ensaio pretende investigar a relação entre a intertextualidade medieval-aristotélica e certas fontes narrativas da Idade Média Ibérica que giram em torno da temática do Ideal Cavaleiresco, tão caro à nobreza medieval. Nossas fontes centrais serão os livros de linhagens – genealogias que, no Portugal medieval, entremeavam listas de antepassados nobiliárquicos com narrativas de diversos teores sobre os mesmos. São estas narrativas que nos interessarão mais especificamente, no sentido de que freqüentemente transparece através dos exempla que elas encaminham todo um modelo ético que pode ser sistematicamente examinado.
Nosso objetivo principal será o de verificar, até o final deste ensaio, como a ética aristotélica interfere na concepção narrativa apresentada pelos livros de linhagens e na estruturação mais específica da visão de mundo que estes livros trazem aos leitores medievais.
A seguir, e antes de entrarmos nestas análises que mais se referirão ao âmbito filosófico e ético, vejamos em maior detalhe o que eram os ‘livros de linhagens’, pontuando o seu contexto social de produção e esclarecendo aspectos importantes sobre o tipo de narrativas que os livros medievais habitualmente costumavam apresentar.
Ética Aristotélica e Ideal Cavaleiresco nos livros de linhagens
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