?Só o futebol permite que você sinta aos 60 anos exatamente o que sentia aos 6. Todas as outras paixões infantis ou ficam sérias ou desaparecem,mas não há uma maneira adulta de ser apaixonado por futebol. Adulto seria largar a paixão e deixar para trás essas criancices: a devoção a um clube e às suas cores como se fosse a nossa outra nação, desconsolo ou a fúria assassina quando o time perde,a exultação guerreira com a vitória. Você pode racionalizar a paixão, e fazer teses sobre a bola, e observações sociológicas sobre a massa ou poesia sobre o passe, mas é sempre fingimento. É só camuflagem. Dentro do mais teórico e distante analista e do mais engravatado cartola aproveitador existe um guri pulando na arquibancada.?
Se houvesse uma seleção brasileira de literatura, Luis Fernando Verissimo certamente faria parte dela. Em Time dos Sonhos, o autor repete sua ?tabelinha? de sucesso, colocando em campo a inteligência e o humor. O resultado? Outro golaço de um dos maiores cronistas da atualidade.
Com um texto enxuto e elegante, Verissimo examina os paradoxos do esporte, que vai do épico ao mundano na duração de um passe. Algumas crônicas estimulam a reflexão, como a que afirma que o futebol é uma mistura de xadrez com boxe; outras, as risadas, como a que abre o livro, sobre um coração que vai parar na Copa do Mundo. Mas a grande jogada de Verissimo está na habilidade de contar histórias que provocam, ao mesmo tempo, as duas reações.