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    Toda poesia

    Por Paulo Leminski
    Existem 14 citações disponíveis para Toda poesia

    Sobre

    Paulo Leminski foi corajoso o bastante para se equilibrar entre duas enormes construções que rivalizavam na década de 1970, quando publicava seus primeiros versos: a poesia concreta, de feição mais erudita e superinformada, e a lírica que florescia entre os jovens de vinte e poucos anos da chamada ?geração mimeógrafo?.

    Ao conciliar a rigidez da construção formal e o mais genuíno coloquialismo, o autor praticou ao longo de sua vida um jogo de gato e rato com leitores e críticos. Se por um lado tinha pleno conhecimento do que se produzira de melhor na poesia - do Ocidente e do Oriente -, por outro parecia comprazer-se em mostrar um ?à vontade? que não raro beirava o improviso, dando um nó na cabeça dos mais conservadores. Pura artimanha de um poeta consciente e dotado das melhores ferramentas para escrever versos.

    Entre sua estreia na poesia, em 1976, e sua morte, em 1989, a poucos meses de completar 45 anos, Leminski iria ocupar uma zona fronteiriça única na poesia contemporânea brasileira, pela qual transitariam, de forma legítima ou como contrabando, o erudito e o pop, o ultraconcentrado e a matéria mais prosaica. Não à toa, um dos títulos mais felizes de sua bibliografia é Caprichos & relaxos: uma fórmula e um programa poético encapsulados com maestria.

    Este volume percorre, pela primeira vez, a trajetória poética completa do autor curitibano, mestre do verso lapidar e da astúcia. Livros hoje clássicos como Distraídos venceremos e La vie en close, além de raridades como Quarenta clics em Curitiba e versos já fora de catálogo estão agora novamente à disposição dos leitores, com inédito apuro editorial.

    O haikai, a poesia concreta, o poema-piada oswaldiano, o slogan e a canção - nada parece ter escapado ao ?samurai malandro?, que demonstra, com beleza e vigor, por que tem sido um dos poetas brasileiros mais lidos e celebrados das últimas décadas. Com apresentação da poeta (e sua companheira por duas décadas) Alice Ruiz S, posfácio do crítico e compositor José Miguel Wisnik, e um apêndice que reúne textos de, entre outros, Caetano Veloso, Haroldo de Campos e Leyla Perrone-Moisés, Toda poesia é uma verdadeira aventura - para a inteligência e a sensibilidade.

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    Citações de Toda poesia

    Depois de hoje a vida não vai mais ser a mesma a menos que eu insista em me enganar aliás depois de ontem também foi assim anteontem antes amanhã

    não discuto com o destino   o que pintar eu assino

    acordei bemol tudo estava sustenido   sol fazia só não fazia sentido

    quem é vivo aparece sempre no momento errado para dizer presente onde não foi chamado

    quando eu tiver setenta anos então vai acabar esta adolescência   vou largar da vida louca e terminar minha livre-docência

    Amando, aumenta até duas mil vezes o tamanho.

    Ler trevas. Nas letras, ler tudo o que de ler não te atrevas. Ler mais. Ler além. Além do bem. Além do mal. Além do além. Horas extras ou etcéteras, adeus, amém. Busquem outros a velocidade da luz. Eu busco a velocidade da treva.

    isso aqui acaso é lugar para jogar sombras?

    O tempo fica cada vez mais lento e eu lendo lendo lendo vou acabar virando lenda     Ainda vão me matar numa rua.

    eu quando olho nos olhos sei quando uma pessoa está por dentro ou está por fora   quem está por fora não segura um olhar que demora   de dentro do meu centro este poema me olha

    bem no fundo       no fundo, no fundo, bem lá no fundo,     a gente gostaria de ver nossos problemas     resolvidos por decreto       a partir desta data, aquela mágoa sem remédio     é considerada nula e sobre ela — silêncio perpétuo       extinto por lei todo o remorso, maldito seja quem olhar pra trás,     lá pra trás não há nada, e nada mais       mas problemas não se resolvem, problemas têm família grande,     e aos domingos saem todos passear o problema, sua senhora     e outros pequenos probleminhas

    minhas 7 quedas   minha primeira queda não abriu o paraquedas   daí passei feito uma pedra pra minha segunda queda   da segunda à terceira queda foi um pulo que é uma seda   nisso uma quinta queda pega a quarta e arremeda   na sexta continuei caindo agora com licença mais um abismo vem vindo

    Já disse de nós. Já disse de mim.        Já disse do mundo. Já disse agora,        eu que já disse nunca. Todo mundo sabe,        eu já disse muito.          Tenho a impressão que já disse tudo.        E tudo foi tão de repente.

    para umas noites que andam fazendo          deixe eu abrir a porta quero ver se a noite vai bem          quem sabe a lua lua ou nos sonhos crianças        sombras murmuram amém          deixa ver quem some antes a nuvem a estrela ou ninguém            nunca sei ao certo se sou um menino de dúvidas        ou um homem de fé          certezas o vento leva só dúvidas continuam de pé

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