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    Todas as histórias do analista de Bagé

    Por Luis Fernando Verissimo
    Existem 13 citações disponíveis para Todas as histórias do analista de Bagé

    Sobre

    Histórias deliciosas do personagem clássico de Luis Fernando Verissimo

    Ele recebe seus clientes de bombacha e pés no chão, nunca deixa de oferecer um chimarrão e o divã de seu consultório é coberto com um pelego. Psicanalista da linha ?freudiano barbaridade? é acusado de ser grosseiro e machista, mas se defende: ?digo o que tenho que dizer, o último desaforo que levei para casa foi a minha mulher.?
    Assim é o Analista de Bagé, um dos personagens mais marcantes de Luis Fernando Verissimo, que está de volta numa reedição atualizada com histórias deliciosas deste clássico do humor brasileiro. O analista trata os males da alma como quem amansa cavalo xucro, conquistando seus leitores no laço. Impossível resistir ao seu charme. ?Se abanque, índio velho. A sessão está apenas começando?, avisa o amoroso e alucinado psicanalista.
    Todas as histórias do analista de Bagé é o quinto volume da série Ver!ssimo, que vai relançar toda a obra do escritor gaúcho pela Objetiva, em edições atualizadas e revistas pelo próprio autor.
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    Citações de Todas as histórias do analista de Bagé

    “mulher só serve pra três coisas e pras outras duas tem diarista”,

    Acho que toda mulher deve lutar pela sua igualdade, desde que não interfira com o serviço da casa. Depois de pendurar as roupas ela pode fazer o que bem entender.

    “Pra segurá mulher em casa e cavalo em campo aberto, só carece de um pau firme.”

    Digo o que tenho que dizer e o último desaforo que levei pra casa foi a minha mulher.”

    — Todos dizem que eu tenho mania de ser melhor do que os outros, mas eu não acredito neles. — E por que não? — Porque é tudo gente inferior.

    Pues um dia eu, que era tão piá16 que ainda ficava na ponta dos pés pra mijar em penico, tive uma dor de ouvido. Chamaram tio Lautério. Ele chegou e me encontrou chorando. A primeira cosa que disse foi pra me consolá: — Deixa de ser veado,17 ó cagão. Mas tava doendo demais e eu não parei de chorar. Aí ele começou a me dar um beliscão. E perguntava: — O que tá pior, o ouvido ou o beliscão? E eu berrava: — É o ouvido! Depois: — Tá empatado! E depois: — É o beliscão! Aí ele apertou mais até que eu gritei: — Tô com saudade da dor de ouvido!

    Finitude Existem muitas histórias sobre o analista de Bagé, mas não sei se todas são verdadeiras. Seus métodos são certamente pouco ortodoxos, embora ele mesmo se descreva como “freudiano barbaridade”. E parece que dão certo, pois sua clientela aumenta. Foi ele que desenvolveu a terapia do joelhaço. Diz que quando recebe um paciente novo no seu consultório a primeira coisa que o analista de Bagé faz é lhe dar um joelhaço. Em paciente homem, claro, pois em mulher, segundo ele, “só se bate pra descarregá energia”. Depois do joelhaço o paciente é levado, dobrado ao meio, para o divã coberto com um pelego. — Te abanca, índio velho, que tá incluído no preço. — Ai — diz o paciente. — Toma um mate? — Nã-não… — geme o paciente. — Respira fundo, tchê. Enche o bucho que passa. O paciente respira fundo. O analista de Bagé pergunta: — Agora, qual é o causo? — É depressão, doutor. O analista de Bagé tira uma palha de trás da orelha e começa a enrolar um cigarro. — Tô te ouvindo — diz. — É uma coisa existencial, entende? — Continua, no más. — Começo a pensar, assim, na finitude humana em contraste com o infinito cósmico… — Mas tu é mais complicado que receita de creme Assis Brasil. — E então tenho consciência do vazio da existência, da desesperança inerente à condição humana. E isso me angustia. — Pos vamos dar um jeito nisso agorita — diz o analista de Bagé, com uma baforada. — O senhor vai curar a minha angústia? — Não, vou mudar o mundo. Cortar o mal pela mandioca. — Mudar o mundo? — Dou uns telefonemas aí e mudo a condição humana. — Mas… Isso é impossível! — Ainda bem que tu reconhece, animal! — Entendi. O senhor quer dizer que é bobagem se angustiar com o inevitável. — Bobagem é espirrá na farofa. Isso é burrice e da gorda. — Mas acontece que eu me angustio. Me dá um aperto na garganta… — Escuta aqui, tchê. Tu te alimenta bem? — Me alimento. — Tem casa com galpão? — Bem… Apartamento

    Todos dizem que eu tenho mania de ser melhor do que os outros, mas eu não acredito neles. — E por que não? — Porque é tudo gente inferior.

    Só aceita casos difíceis, pois, como diz, “cavalo manso é pra ir à missa”. Foi o caso daquele estancieiro rico que já entrou dizendo: — Meu caso é de esquizofrenia, doutor. — Oigalê! Já vi que o índio velho é dos que lê bula. Essa palavra eu só aprendi a dizer dois dias antes da formatura. Mas se abanque, no más.

    Onde anda o analista de Bagé? Não sei. As notícias são desencontradas. Há quem diga que ele se aposentou, hoje vive nas suas terras perto de Bagé e se dedica a cuidar de bicho em vez de gente, só abrindo exceção para eventuais casos de angústia existencial ou regressão traumática de fundo psicossomático entre a peonada da estância.

    Tem casa com galpão? — Bem… Apartamento. — Não é veado? — Não. — Tá com os carnê em dia? — Estou. — Então, ó bagual. Te preocupa com a defesa do Guarani e larga o infinito. — O Freud não me diria isso. — O que o Freud diria tu não ia entender mesmo. Ou tu sabe alemão? — Não. — Então te fecha.

    Outra idéia do analista de Bagé foi promover jogos de futebol de salão entre os seus grupos de análise. Jogam os sádicos num time e os masoquistas no outro. Assim, o jogo pode ser violento que ninguém se importa.

    Das deduções simples: “Se a toca é ancha, o tatu é gordo.”

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