Desde os primórdios da humanidade, o ser humano procura a felicidade como a terra seca clama pela água. É fácil conquistá-la? Nem sempre! Os poetas a homenagearam, os romancistas a descreveram, os filósofos a contemplaram, mas grande parte deles a saudaram apenas de longe. Os reis tentaram dominá-la, mas ela não se submeteu ao seu poder. Os ricos tentaram comprá-la, mas ela não se deixou vender. Os intelectuais tentaram entendê-la, mas ela os confundiu. Os famosos tentaram fasciná-la, mas ela lhes contou que preferia o anonimato. Os jovens disseram que ela lhes pertencia, mas ela lhes disse que não se encontrava no prazer imediato nem se deixava encontrar pelos que não pensavam nas conseqüências dos seus atos. Alguns acreditaram que poderiam cultivá-la em laboratório. Isolaram-se do mundo e dos problemas da vida, mas a felicidade enviou um claro recado dizendo que ela apreciava o cheiro de gente e crescia no meio das dificuldades. Outros tentaram cultivá-la com os avanços da ciência e da tecnologia, mas eis que a ciência e a tecnologia se multiplicaram e a tristeza e as mazelas da alma se expandiram. Desesperados, muitos tentaram encontrar a felicidade em todos os cantos do mundo. Mas no espaço ela não estava, nos mais altos edifícios não fez morada, no interior dos palácios não habitava. Cansados de procurá-la, alguns disseram: “ela não existe, é um sonho de sonhadores que nunca acordam”. A felicidade bateu à porta de todos. Deu sinal de vida na história dos abatidos e dos animados, dos depressivos e dos sorridentes, dos que representam e dos que vivem sem maquiagem. Sussurrando aos ouvidos do coração, ela disse baixinho: “Hei! Não estou no mundo em que você está, mas no mundo que você é!”. Confusos, gritamos: “O quê? Fale mais alto!”. Como a voz de uma suave brisa ela delicadamente balbuciou: “Não me procure no imenso espaço nem nos recantos da Terra. Viaje para dentro de você. Eu me escondo nas vielas da sua emoção, no cerne do seu espírito…”.