Louis Holland, 23, se instala na modesta Somerville, na Grande Boston, para trabalhar numa emissora de rádio endividada, com pouca audiência e muito idealismo liberal. Na vizinha Cambridge, sua irmã está para concluir o MBA em Harvard e se pôr a serviço do Bank of Boston. Orgulhosamente despojado e desencantado, num país onde o dinheiro é a medida de todas as coisas, Louis inicia uma espécie de percurso de aprendizagem quando sua mãe se agarra, ávida, a uma herança milionária.
A ciência e a história, ambas objeto do apetite de Jonathan Franzen, conduzem Louis e propiciam a abertura de Tremor para vários temas que se intercomunicam: a degradação ambiental, a subserviência dos governos aos interesses das grandes corporações, a marginalização dos intelectuais de esquerda, o fundamentalismo religioso, a condição feminina, a produção e o uso do conhecimento científico, a fragilidade do debate público na grande mídia.
Depois da estreia como romancista em The Twenty-seventh city (1988), Franzen atravessaria a década de noventa indagando, não sem angústia, se o chamado romance social ainda existia e o que poderia ser feito dele.
Ordenando isso tudo ao redor de uma personagem solitária e essencialmente melancólica que em boa medida espelha seus próprios impasses de escritor, Franzen trabalha por manter vivo o romance como experiência da conexão entre os sentimentosmais íntimos e a esfera, tantas vezes obliterada, da sociedade e da história.