Um Conto de Duas Cidades
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Desde os dias em que era verão eterno no Éden até estes em que é quase sempre inverno nas latitudes decaídas, o mundo dos homens tem seguido invariavelmente uma direção, a direção tomada por Charles Darnay: o caminho do amor por uma mulher.
Devolva-se a humanidade à forja que a criou e utilizem-se martelos semelhantes para tornar a esculpi-la e ela se contorcerá na mesma imagem torturada. Cultivem-se de novo as mesmas sementes de desordem e opressão rapaces e certamente serão colhidos os mesmos frutos amargos.
E todos nós possuímos prodígios ocultos em nossos corações que só necessitam das circunstâncias certas para serem evocados.
Um grande tonel de vinho tombou na rua e se quebrou. O acidente aconteceu no momento em que o retiravam de uma carroça. O tonel despencou rapidamente, os arcos se romperam e ele rolou sobre as pedras bem na porta de uma taberna, espatifando-se como uma casca de noz. Todas as pessoas das cercanias interromperam seus afazeres, ou seu ócio, e correram ao local para beber o vinho. As pedras ásperas e irregulares da rua, cheias de pontas aguçadas, podendo-se pensar que teriam sido especialmente projetadas para aleijar a todos os seres viventes que sobre elas passassem, haviam represado o vinho em pequenas poças, cada qual rodeada, de acordo com seu tamanho, por grupos maiores ou menores de pessoas que se acotovelavam. Alguns homens se ajoelharam, juntaram as mãos em concha e beberam, ou tentaram ajudar as mulheres, que se curvavam sobre seus ombros e procuravam engolir o vinho antes que este lhes escapasse por entre os dedos. Outros, homens e mulheres, cavoucaram as poças com canecas de barro lascadas ou mesmo com os lenços de cabeça das mulheres, que eram torcidos para derramar gotas do líquido precioso na boca das crianças. Outros construíram diminutos aterros para deter o vinho que se espalhava. Outros, guiados pelos espectadores aboletados nas altas janelas, atiravam-se de um lado para o outro, interceptando os pequenos riachos de vinho que se afastavam em novas direções. Outros, ainda, dedicavam seus esforços aos pedaços encharcados e tingidos do barril, lambendo e até mastigando ruidosamente os fragmentos molhados de vinho com avidez. Não havia escoadouros para o vinho, e não só todo ele foi levado pelas pessoas como também carregou-se junto toda a lama, ficando a rua tão limpa que parecia que um varredor de ruas havia passado por ali, se é que alguém familiarizado com as redondezas pudesse acreditar em tão miraculosa presença.
Um fato extraordinário a merecer reflexão é o de que cada ser humano se constitui num profundo e indecifrável enigma para todos os demais.
Liberdade, Igualdade, Fraternidade ou Morte; a última, muito mais fácil de conceder do que as outras, ó Guillotine!
Instintivamente associando prisioneiros a crimes infames e opróbrios, o recém-chegado recuou. Todavia, culminando a irrealidade de sua irreal e longa jornada, todos se ergueram para recebê-lo com os mais requintados modos conhecidos na época, prodigalizando-lhe reverências e mesuras. Tão estranhamente obnubilados eram esses refinamentos pela atmosfera sombria do cárcere, tão espectrais eles se tornavam na inadequada imundície e miséria através das quais eram vistos, que Charles Darnay teve a impressão de ter sido colocado em companhia dos mortos. Fantasmas, todos eles! O fantasma da beleza, o fantasma da grandeza, o fantasma da elegância, o do orgulho, o da frivolidade, o da graça, o da juventude e o da velhice, todos esperando sua libertação daquela desolada margem, todos volvendo para ele os olhos ensombreados pela morte que sofreram no instante em que entraram naquela prisão.
e o cocheiro só confiava nos cavalos,
Aquele foi o melhor dos tempos[3], foi o pior dos tempos; aquela foi a idade da sabedoria, foi a idade da insensatez, foi a época da crença, foi a época da descrença, foi a estação da Luz, a estação das Trevas, a primavera da esperança, o inverno do desespero; tínhamos tudo diante de nós, tínhamos nada diante de nós, íamos todos direto para o Paraíso, íamos todos direto no sentido contrário
Um Conto de Duas Cidades foi publicado pela primeira vez em fascículos, no All the Year Round, de 30 de abril a 26 de novembro de 1859, e em oito partes mensais de junho a dezembro do mesmo ano. O romance apareceu sob a forma de volume em novembro de 1859.
O que faço hoje é muito, muito melhor do que tudo quanto já fiz. E a paz que tenho hoje é muito, muito maior do que a paz que jamais conheci”.