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    Vermelho amargo

    Por Bartolomeu Queirós
    Existem 9 citações disponíveis para Vermelho amargo

    Sobre



    Último livro lançado em vida, Vermelho amargo nos mostra uma face pouco conhecida do celebrado escritor Bartolomeu Campos de Queirós. Neste relato de inspiração autobiográfica, o narrador revisita a dolorosa infância, marcada pela ausência da mãe, pela falta de afeto e pela difícil relação com a madrasta, que serve finas fatias de tomate em todas as refeições. Em uma espécie de contagem regressiva, o narrador acompanha o esvaziamento da casa, com a partida dos irmãos mais velhos. Misto de memória e fantasia, uma prosa poética dolorosamente bela.
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    Citações de Vermelho amargo

    É preciso muito bem esquecer para experimentar a alegria de novamente lembrar-se. Tantos pedaços de nós dormem num canto da memória, que a memória chega a esquecer-se deles. E a palavra — basta uma só palavra — é flecha para sangrar o abstrato morto. Há, contudo, dores que a palavra não esgota ao dizê-las.

    Nascer é afastar-se — em lágrimas — do paraíso, é condenar-se à liberdade.

    A dor vem de afastadas distâncias, sepultados tempos, inconvenientes lugares, inseguros futuros. Não se chora pelo amanhã. Só se salga a carne morta.

    Exige-se longo tempo e paciência para enterrar uma ausência. Aquele que se foi ocupa todos os vazios.

    A mãe partiu cedo — manhã seca e fria de maio — sem levar o amor que diziam eu ter por ela. Daí, veio me sobrar amor e sem ter a quem amar.

    Ela deixava a cabeça tombar sobre o pano, como se procurasse seu próprio colo. Atravessava a agulha sem ferir a trama do linho. A linha abraçava o tecido de maneira amorosa como meu amor me enlaçava. No rastro da linha nasciam pequenos ramos, algumas flores, peixes entre algas. Minha irmã desocultava seu carinho nos bordados. Quando a linha estava por terminar, ela dava um nó forte para não deixar fugir sua imaginação.

    O livro aberto era seu berço e seu barco, em suas páginas ela se transmutava. Eu suspeitava que o embaraço das letras amarrava segredos que só o coração decifra. Mas uma certeza me vigiava: ler era meu único sonho viável.

    Seu adeus me deu, como sina, ler o além das letras. Aprendi, com sua ausência, a decifrar o depois dos olhares, se de afagos ou de repulsa. Li os segredos das mãos, se abençoando ou repudiando.

    Exige-se longo tempo e paciência para enterrar uma ausência. Aquele que se foi ocupa todos os vazios. Como

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