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    Editora

    Vila vermelho

    Por Jeter Neves
    Existem 9 citações disponíveis para Vila vermelho

    Sobre



    Brasil de contrastes em livro premiado

    Ganhador dos prêmios do Paraná e Cidade de Belo Horizonte, Jeter Neves lança Vila Vermelho pela Editora Record. O livro, que recebeu o Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2011, conta a história de Caburé, menino criado em Vila Vermelho. Sem perspectivas, na sua pequena vila, questiona-se sobre o futuro, que decide conquistar a qualquer preço. Ainda que rica em histórias, sua vida é vazia de afeto, e essa ausência acabará por tatuar definitivamente sua alma. Este sensível romance que retrata os anos 1950 ? década de esperança, em que o Brasil ganhou sua primeira Copa do Mundo e parecia caminhar para um grande futuro ? mostra também que os ideais daquela geração influenciada pela cultura americana se mostravam muito diferentes da realidade dura dos habitantes do interior do Brasil.
    ?Com ironia e requinte estético, o narrador compõe uma trama que atravessa parte da história brasileira contemporânea, entrelaçando, de modo admirável, a sensibilidade coletiva e a individual.?
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    Citações de Vila vermelho

    A droga do amor, Professor, o princípio ativo da droga do amor romântico, é uma doença da alma. A obsessão do amor romântico acaba dinamitando todas as pontes e deformando o modo de amar da pessoa.

    Contemplação é melancolia, melancolia é escuridão, escuridão é romantismo em estado puro.

    Alguma coisa deve existir na pobreza que engessa os neurônios do sujeito e trava a compreensão.

    Dia desses, vi uma professora na tevê falando sobre os Estados Unidos e seu “capital simbólico”. Eles têm pelo menos dois séculos e meio de capital simbólico, que agora rende juros e correção monetária: pioneiros, Super-Homem, Estátua da Liberdade, Primeira Emenda, democracia, fuzileiros navais, bomba atômica, Papai Noel, rock, coca-cola, chicle, ketchup, olhos azuis, Marilyn Monroe, jingle bells, o sorriso de John Kennedy… Parece que a mulher criticava, não era um elogio. Se soubesse dessa história de capital simbólico, Mário ia dizer: “O nosso capital simbólico está com saldo negativo porque pagamos com a alma a importação do capital simbólico deles”.

    Dizem que barganhar é uma arte, mas dizem também que homem de bem não faz da barganha seu ganha-pão, pois o fundamento da barganha é o logro.

    “É muito mais importante para eles do que seria um Sputnik”, escreveu no seu diário, li no jornal. Sputnik, Professor. Ela percebeu que a Copa do Mundo era mais importante para nós do que a maior façanha do homem, naqueles dias, a colocação em órbita de um satélite artificial pelos soviéticos. Talvez ela quisesse dizer que nossa gente era incapaz de compreender o significado de um artefato orbitando a Terra, a dezenas de quilômetros. Ou, quem sabe, incapaz de compreender o significado do triunfo da racionalidade.

    “O passado não existe, porque o que se foi não se recupera. O futuro também não existe, pois o que será ainda não é. Quanto ao presente… Bem, o presente nada mais é do que uma fração infinitesimal de tempo em que o futuro deixa de ser o que será para vir a ser o que é no instante mesmo em que não é mais…”.

    Elizabeth Bishop ainda disse: “Todo mundo acha que isto significa que virão ‘dias melhores para o Brasil’, Deus sabe por quê, ou de que modo — e este é um bom exemplo do jeito de ser deste povo tolo, porém simpático”.

    descobri a tempo que a maneira mais elevada de homenagear a inteligência é ficando rico. Aprendi com eles: a riqueza poupa você de abaixar a cabeça.

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