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    Assim falou Zaratustra

    Por Friedrich Nietzsche
    Existem 20 citações disponíveis para Assim falou Zaratustra

    Sobre

    Os títulos das obras de Nietzsche são peculiares em relação aos dos textos filosóficos em geral: na maioria deles não encontramos termos como ?crítica?, ?ensaio? ou ?tratado?, mas expressões ou substantivos evocativos, por vezes de natureza poética. Mesmo entre esses títulos, Assim falou Zaratustra tem sua peculiaridade própria.

    Primeiro, quem é esse personagem? Ele se baseia numa personalidade histórica, da qual, porém, sabe-se muito pouco. Zaratustra ou Zoroastro - seu nome grego - viveu em algum momento entre os séculos XII e VI a.C., na Pérsia. A ele se atribui uma concepção do universo em que o mal ou a escuridão se acha em perene conflito com o bem ou a luz, doutrina que depois seria registrada no Zend-Avesta. Numa passagem de Ecce homo, Nietzsche justifica da seguinte maneira a escolha desse personagem: ?Zaratustra foi o primeiro a ver na luta entre o bem e o mal a roda motriz na engrenagem das coisas - a transposição da moral para o plano metafísico, como força, causa, fim em si, é obra sua?.

    Sabemos que no século XIX havia grande interesse por temas orientais na Europa: o orientalismo, e especialmente o zoroastrismo, estava em voga. Nos cinquenta anos antes da publicação do Zaratustra, apareceram mais de vinte livros sobre o Zend-Avesta e seu inspirador. E, sendo Nietzsche um filólogo clássico, que tinha amigos especializados em culturas orientais, era inevitável que se interessasse pelo tema.O livro foi escrito e publicado por partes, e Nietzsche ainda pensou em escrever mais duas, no fim das quais Zaratustra morreria. Em meados de 1883 apareceu a parte I, incluindo o prólogo e os 22 discursos, mas sem indicação de que era apenas a primeira. No fim do mesmo ano foi publicada a segunda, e em 1884 a terceira, que ele acreditava ser a última. Mas já no ano seguinte fez imprimir, numa edição de apenas 45 exemplares, a ?quarta e última parte?, e disse aos amigos que não pensava em torná-la realmente pública. Em 1887, juntou as três primeiras num só volume. O livro tal como o conhecemos hoje foi publicado em 1892, quando Nietzsche já estava louco.

    Um dos trabalhos filosóficos mais lidos e influentes de todos os tempos, Assim falou Zaratustra talvez deva sua extraordinária fortuna ao seu caráter híbrido: filosofia, religião e literatura nele se juntam de maneira complexa e atraente. Ao publicar Além do bem e do mal, livro imediatamente posterior, Nietzsche revelou ao amigo Jacob Burckhardt que a nova publicação continha ?as mesmas coisas que havia dito antes pela boca de Zaratustra, mas de modo diferente, bem diferente?. De fato, o leitor reconhecerá, na linguagem metafórica e alegórica dos discursos e diálogos de Zaratustra, muitas das ideias que seriam desenvolvidas em prosa reflexiva nas obras posteriores - ou que já haviam sido abordadas em Aurora e A gaia ciência, livros aos quais ele chegou a se referir como ?comentários ao Zaratustra antes que ele aparecesse?.

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    Citações de Assim falou Zaratustra

    Eu só amo aqueles que sabem viver como que se extinguindo, porque são esses os que atravessam de um para outro lado.

    A questão era reconhecermos nossos próprios monstros internos, e apaziguá-los, dominá-los, nos tornando timoneiros de nossa própria embarcação.

    Eu os exorto, meus irmãos, a permanecerem fiéis à terra e a não acreditar naqueles que vos falam de esperanças supraterrestres.

    O homem é um rio turvo. É preciso ser um mar para, sem se toldar, receber um rio turvo.

    Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.

    Foram os doentes e moribundos que desprezaram corpo e terra e inventaram as coisas celestiais e as gotas de sangue redentoras: mas também esses doces, sombrios venenos tiraram eles do corpo e da terra!

    Há sempre alguma loucura no amor. Mas também há sempre alguma razão na loucura.

    Não deverei ser pastor, nem coveiro. Jamais tornarei a me dirigir ao povo; pela última vez falei com um morto.

    Eu vos digo: é preciso ter ainda caos dentro de si, para poder dar à luz uma estrela dançante. Eu vos digo: tendes ainda caos dentro de vós.

    Vós todos que amais o trabalho furioso e tudo o que é rápido, novo, singular, suportai-vos mal a vós mesmos: a vossa atividade é fuga e desejo de vos esquecerdes de vós mesmos. Se tivésseis mais fé na vida, não vos entregaríeis tanto ao momento corrente; mas não tendes fundo suficiente para esperar nem tão pouco para a preguiça.

    Caminho para o meu fim; sigo o meu caminho; saltarei por cima dos negligentes e dos retardados. Desta maneira será a minha marcha o seu fim!”

    O homem é uma corda, atada entre o animal e o super-homem — uma corda sobre um abismo.

    Os teus próximos hão de ser sempre moscas venenosas. E o que é grande em ti deve precisamente torná-los mais venenosos e mais semelhantes às moscas. Foge, meu amigo, para a tua solidão, para além onde sopre vento rijo e forte. Não é destino teu ser enxota-moscas”. Assim falou Zaratustra.

    A verdade é que os homens se deram todo o seu bem e todo o seu mal. A verdade é que o não tomaram, que o não encontraram, que lhes não caiu com uma voz do céu. O homem é que pôs valores nas coisas a fim de se conservar; foi ele que deu um sentido às coisas, um sentido humano. Por isso se chama “homem” isto é, o que aprecia. Avaliar é criar. Ouvi, criadores! Avaliar é o tesouro e a joia de todas as coisas avaliadas.

    o seu bem e todo o seu mal. A verdade é que o não tomaram, que o não encontraram, que lhes não caiu com uma voz do céu. O homem é que pôs valores nas coisas a fim de se conservar; foi ele que deu um sentido às coisas, um sentido humano. Por isso se chama “homem” isto é, o que aprecia. Avaliar é criar. Ouvi, criadores! Avaliar é o tesouro e a joia de todas as coisas avaliadas.

    “Queres, meu irmão, isolar-te? Queres procurar o caminho que te guia a ti mesmo? Espera ainda um momento e ouve-me. “O que procura, facilmente se perde a si mesmo. Todo o isolamento é um erro”. Assim fala o rebanho. E tu pertenceste ao rebanho durante muito tempo. Em ti também ainda há de ressoar a voz do rebanho. E quando disseres: “Já não tenho uma consciência comum convosco”, isso será uma queixa e uma dor. Olha: essa mesma dor é filha da consciência comum e a última centelha dessa consciência ainda brilha na tua aflição. Queres, porém, seguir o caminho da tua aflição, que é o caminho para ti mesmo? Demonstra-me o teu direito e a tua força para isso! Acaso és uma força nova e um novo direito? Um primeiro movimento? Uma roda que gira sobre si mesma? Podes obrigar as estrelas a girarem em torno de ti?

    Sejam o porvir e o mais remoto a causa do vosso hoje; no vosso amigo deveis amar o Super-homem, como razão de ser. Meus irmãos, eu não vos aconselho o amor ao próximo; aconselho-vos o amor ao mais afastado”. Assim falou Zaratustra.

    O nosso caminho é para cima: da espécie à espécie superior [mas não no sentido de “raça”, e sim uma espécie de “homem superior”, que supera a si mesmo, criativo, etc.]; mas o sentido que degenera, o sentido que diz: “Tudo para mim”, assombra-nos.

    Vai-te para o isolamento, meu irmão, com o teu amor e com a tua criação, e tarde será que a justiça te siga claudicando. Vai-te para o isolamento com as minhas lágrimas, meu irmão. Eu amo o que quer criar qualquer coisa superior a si mesmo, e dessa arte sucumbe”.

    Peço, porém, o impossível; rogo, portanto, a minha altivez que me acompanhe sempre a prudência! E se um dia a prudência me abandonar — Ai! Agrada-lhe tanto fugir! — possa sequer a minha altivez voar com a minha loucura!”

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