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    A Alma Imoral

    Por Nilton Bonder
    Existem 13 citações disponíveis para A Alma Imoral

    Sobre

    Em sua obra mais conhecida, o rabino Nilton Bonder lança mão de uma série de parábolas judaicas para destrinchar dois impulsos naturais humanos: o da perpetuação e o da ruptura. Através de uma exposição brilhante e reveladora, o autor nos faz perceber que, ao contrário do que geralmente pensamos, tradição e transgressão, continuidade e mutação, assim como religião e biologia, não estão em campos opostos. O mais fantástico, conclui o rabino, é que, embora sejam paradoxais, estas idéias estão sempre interligadas. O livro parte de um pressuposto: vivemos em um mundo que redescobre o corpo e, portanto, necessita de uma nova linguagem para descrever a natureza humana. Baseado em textos sagrados, Bonder nos remete a um paraíso onde os únicos mandamentos eram "multiplicar-se" e lidar com a questão da "transgressão". A consciência humana foi formada, conclui o rabino, desta descoberta fantástica de que nossa tarefa não é apenas procriar, mas, nas condições certas e na medida certa, transcender a nós mesmos. Vital para a continuidade da espécie, a traição – como a de Adão e Eva e tantas outras – é que gera o conceito de alma. A alma é o elemento do próprio corpo que está comprometida com alternativas fora deste corpo. Enquanto o corpo forja a moral para garantir sua preservação através da procriação, a alma engendra transgressões. Esta alma que questiona a moral, assumindo-se muitas vezes imoral, é apresentada através de incontáveis transgressões em textos e conceitos antigos. Este é um livro de profundo impacto na reflexão sobre o certo e o errado, a obediência e a desobediência, as fidelidades e as traições. Um convite para conhecer as profundas conexões entre o traidor e o traído, entre a marginalidade e a santidade, entre a alma e o corpo.
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    Citações de A Alma Imoral

    É possível obedecer e desrespeitar e também desobedecer e respeitar.

    A “alma”, diferente da definição popular, seria nada mais do que o componente consciente da necessidade de evolução, a parcela de nós capaz de romper com os padrões e com a moral. Sua natureza seria, portanto, transgressora e “imoral”, por não corroborar os interesses da moral.

    O ser humano é talvez a maior metáfora da própria evolução, cuja tarefa é transgredir algo estabelecido.

    Toda lei que não deixa em aberto a possibilidade de sua execução, justamente por sua desobediência, é uma arbitrariedade.

    A unanimidade expressa uma acomodação à verdade absoluta que é insuportável à vida e que tem grande potencial destrutivo.

    conceito ao contrário – o que o olhar não olha

    quatro estágios distintos no reconhecimento da estreiteza de um lugar. Há os que: 1) sabem e sabem que sabem; 2) sabem, mas não sabem que sabem; 3) não sabem e sequer sabem que não sabem e 4) não sabem, mas presumem que sabem.

    Surpreender-se é, na realidade, a maior prova de poder de um ser humano. Surpreender os outros é fazer uso de nossos truques já dominados; surpreender a si mesmo é ser um mago diante daquele que nos julgávamos ser.

    poeta e filósofo Sh’lomo Gabirol (Miv’har ha-penimim)

    Em realidade, a verdadeira experiência espiritual se nutre do presente instante que suporta as tensões da experiência do passado – a ser preservado – e do futuro – a ser construído a partir da traição.

    Transgredir é transcender, e nossa história não teria mártires no campo político, científico, religioso, cultural e artístico caso fosse possível transcender sem colocar em risco a sobrevivência da espécie.

    O futuro existe se vocês marcharem. O futuro, porém, não está ligado ao presente pelo corpo. A alma guiará o caminho seco por meio do molhado, de um corpo a outro ou de uma margem a outra. Saber abrir mão desse corpo na fé de que outro se constituirá é saber dar o passo que leva até onde “não dá mais pé”. Enquanto der pé, estaremos estacionados em acampamentos. Esse profundo ato de confiança em si e no processo da vida garante a passagem pelo vazio que magicamente se concretiza em chão sob nossos pés. O que não existia passa a existir e um novo lugar amplo se faz acessível.

    Sempre fomos livres nas profundezas de nosso coração, totalmente livres, homens e mulheres. Fomos escravos no mundo externo, mas homens e mulheres livres em nossa alma e espírito. Maharal de Praga (1525-1609)

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