É um livro de contos curtíssimos, verdadeiros e mentirosos, reminiscências e reflexões sobre coisinhas da vida. Veja abaixo alguns trechos e alguns títulos de contos. Um único deles (Adeus, idiota) tem mais que uma página.
Trechos:
Do PREFÁCIO
Por fim, resolvi escrever pequenas histórias exatamente sobre essas coisinhas da vida. Elas são reais, concretas, verdadeiras ainda quando mentirosas. Nada de grandes temas. Nada de amargura da existência. Simplesmente historiazinhas que vão fluindo como o som de um peido suave que vai sumindo pelo ar, como o rio que nunca pára, embora um dia a gente pare de vê-lo. Ficam perdidas por aí as falas, os rostos, aqueles sorrisos doces. Essas historiazinhas chinfrins somos nós. Vivamo-las com alegria. O que é a vida? É isso.
Da INTRODUÇÃO
Já ouviu falar em literatura cinzenta? Possivelmente não, certo? Pois bem: literatura cinzenta é o nome que se dá aos documentos acadêmicos, técnicos e científicos arquivados em bibliotecas: dissertações, teses e relatórios de pesquisa, anais de congressos, declarações de instituições científicas, etc.. É coisa muito importante para quem tem qualificação, mas sem interesse para o zé-povinho. Portanto, em geral esses documentos ficam mofando nas bibliotecas, porque muito pouca gente tem nível para interessar-se por isso. Coisa muito, muito importante, esses documentos são caracterizados pela chatice. Se o cara pegar documentos da área de literatura, linguística, gramática, vai ler coisas como implicaturas, os silêncios do discurso, o contexto do ato comunicacional, pragmática da semiose, a subjetividade nos conceitos bakhtinianos, uma heurística pragmática, temática, terreno conceitual. Nunca, nunca, nunca ele terá o prazer de ler algo como cu e caralho! É como se tudo isso remetesse a um contexto de inferioridade, palavras indignas da ciência, do bem, do patrimônio cultural da humanidade, dos anais acadêmicos.
De "TODO MACONHEIRO DEVIA SER MÚSICO"
Textos incríveis, aos poucos vão sendo descobertos:
Book I
A década de 90 foi marcada pelos deficits fiscais, uma herança indigesta da Década Perdida. Conquanto os primeiros anos da década boceta cabeluda seguinte tenham apresentado um desequilíbrio modesto e bastante suportável...
De "NA PUTARIA, A VERDADEIRA SOLIDARIEDADE"
O sakê começou a subir, cantei umas duas músicas, recebi os aplausos, a conversa estava interessante com a catarinense, enfim, uma beleza! E o tempo foi passando e o lugar foi mudando, imperceptivelmente. De repente me dei conta de que não havia ali qualquer criança mais, nem nenhum velho zen, nem donas de casa japas gordinhas, só homens, executivos japoneses. E começaram a aparecer aqui e ali umas mulheres meio diferentes, com fortes decotes, bonitinhas todas, sorridentes, bem maquiadas, enfim, putas. Meia hora mais e esse era o ambiente: executivos bêbados alegres cantando no karaokê, fumando, bebendo, rindo, e putas desfilando para lá a para cá com seu charme e beleza.
- Notou alguma transformação no ambiente? ? perguntei à catarina.
Alguns títulos:
AO LONGE, O CANTAR SUAVE DE UM GAY
DANÇAR COM HOMEM, A GENTE SE ACOSTUMA.
TODO MACONHEIRO DEVIA SER MÚSICO
ALDO, O GORDO, OU COMO FALIR COM CLASSE
QUANDO A VIAGEM PÁRA, TODO O MUNDO VIRA GENTE
OS GORDOS SEMPRE QUEREM COMER
DOUTOR, TIRE ESSA MÃO DAÍ
POR QUE E COMO NÃO MORREM OS BÊBADOS
TUDO PELA HONRA E GLÓRIA DA EMPRESA
NA PUTARIA, A VERDADEIRA SOLIDARIEDADE
SIM, EU PODIA PASSAR SEM UM ABRAÇO
ERA BONZINHO, O SHAMPOO DO FOFÃO
O QUE FODE O VIAJANTE É O TEMPO
AH! CANTA, WENCESLAU, CANTA!
A ARTE DE COMPRAR A BONECA INFLÁVEL
DESCARTANDO OS CONSOLOS QUEBRADOS
UM GORDO ANÔNIMO MATARÁ A SUA FOME
O PRIVILÉGIO DE TELOSTIDO
A SAFIRA MAIS BEM TOCADA DO BRASIL
Trechos:
Do PREFÁCIO
Por fim, resolvi escrever pequenas histórias exatamente sobre essas coisinhas da vida. Elas são reais, concretas, verdadeiras ainda quando mentirosas. Nada de grandes temas. Nada de amargura da existência. Simplesmente historiazinhas que vão fluindo como o som de um peido suave que vai sumindo pelo ar, como o rio que nunca pára, embora um dia a gente pare de vê-lo. Ficam perdidas por aí as falas, os rostos, aqueles sorrisos doces. Essas historiazinhas chinfrins somos nós. Vivamo-las com alegria. O que é a vida? É isso.
Da INTRODUÇÃO
Já ouviu falar em literatura cinzenta? Possivelmente não, certo? Pois bem: literatura cinzenta é o nome que se dá aos documentos acadêmicos, técnicos e científicos arquivados em bibliotecas: dissertações, teses e relatórios de pesquisa, anais de congressos, declarações de instituições científicas, etc.. É coisa muito importante para quem tem qualificação, mas sem interesse para o zé-povinho. Portanto, em geral esses documentos ficam mofando nas bibliotecas, porque muito pouca gente tem nível para interessar-se por isso. Coisa muito, muito importante, esses documentos são caracterizados pela chatice. Se o cara pegar documentos da área de literatura, linguística, gramática, vai ler coisas como implicaturas, os silêncios do discurso, o contexto do ato comunicacional, pragmática da semiose, a subjetividade nos conceitos bakhtinianos, uma heurística pragmática, temática, terreno conceitual. Nunca, nunca, nunca ele terá o prazer de ler algo como cu e caralho! É como se tudo isso remetesse a um contexto de inferioridade, palavras indignas da ciência, do bem, do patrimônio cultural da humanidade, dos anais acadêmicos.
De "TODO MACONHEIRO DEVIA SER MÚSICO"
Textos incríveis, aos poucos vão sendo descobertos:
Book I
A década de 90 foi marcada pelos deficits fiscais, uma herança indigesta da Década Perdida. Conquanto os primeiros anos da década boceta cabeluda seguinte tenham apresentado um desequilíbrio modesto e bastante suportável...
De "NA PUTARIA, A VERDADEIRA SOLIDARIEDADE"
O sakê começou a subir, cantei umas duas músicas, recebi os aplausos, a conversa estava interessante com a catarinense, enfim, uma beleza! E o tempo foi passando e o lugar foi mudando, imperceptivelmente. De repente me dei conta de que não havia ali qualquer criança mais, nem nenhum velho zen, nem donas de casa japas gordinhas, só homens, executivos japoneses. E começaram a aparecer aqui e ali umas mulheres meio diferentes, com fortes decotes, bonitinhas todas, sorridentes, bem maquiadas, enfim, putas. Meia hora mais e esse era o ambiente: executivos bêbados alegres cantando no karaokê, fumando, bebendo, rindo, e putas desfilando para lá a para cá com seu charme e beleza.
- Notou alguma transformação no ambiente? ? perguntei à catarina.
Alguns títulos:
AO LONGE, O CANTAR SUAVE DE UM GAY
DANÇAR COM HOMEM, A GENTE SE ACOSTUMA.
TODO MACONHEIRO DEVIA SER MÚSICO
ALDO, O GORDO, OU COMO FALIR COM CLASSE
QUANDO A VIAGEM PÁRA, TODO O MUNDO VIRA GENTE
OS GORDOS SEMPRE QUEREM COMER
DOUTOR, TIRE ESSA MÃO DAÍ
POR QUE E COMO NÃO MORREM OS BÊBADOS
TUDO PELA HONRA E GLÓRIA DA EMPRESA
NA PUTARIA, A VERDADEIRA SOLIDARIEDADE
SIM, EU PODIA PASSAR SEM UM ABRAÇO
ERA BONZINHO, O SHAMPOO DO FOFÃO
O QUE FODE O VIAJANTE É O TEMPO
AH! CANTA, WENCESLAU, CANTA!
A ARTE DE COMPRAR A BONECA INFLÁVEL
DESCARTANDO OS CONSOLOS QUEBRADOS
UM GORDO ANÔNIMO MATARÁ A SUA FOME
O PRIVILÉGIO DE TELOSTIDO
A SAFIRA MAIS BEM TOCADA DO BRASIL