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    A morte do pai (Minha luta)

    Por Karl Ove Knausgård
    Existem 14 citações disponíveis para A morte do pai (Minha luta)

    Sobre

    No primeiro volume da prestigiosa série que lhe rendeu fama mundial, Karl Ove Knausgård investiga sua própria juventude. Uma noite de ano-novo e rebeldia, regada a cervejas vedadas aos menores, um amasso nauseante na primeira namorada, um show fracassado com a banda de punk no shopping center - em A morte do pai, primeiro romance da série autobiográfica Minha Luta, Karl Ove Knausgård se concentra em narrar os anos de sua juventude. Ao embarcar numa investigação proustiana e incansável do próprio passado, o narrador busca reconstruir, sobretudo, a trajetória do pai, figura distante e insondável que entra em declínio e leva o núcleo familiar à ruína. Honesto e sensível, Knausgård investiga também o próprio presente: aos 39 anos, pai de três filhos, ele deve se ajustar à rotina em família, trocar fraldas e apartar brigas, tudo isso enquanto tenta escrever seu novo romance, numa luta diária. Com A morte do pai, Knausgård inaugura um projeto monumental e ambicioso, que logo se tornou best-seller na Noruega e fenômeno literário internacional. São seis volumes híbridos entre a ficção e a memória, em que o autor explora, com pleno domínio da atividade narrativa, as possibilidades da ficção contemporânea.
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    Citações de A morte do pai (Minha luta)

    Quando sabemos muito pouco, é como se esse pouco não existisse. Quando sabemos muito, é como se esse muito não existisse. Escrever é retirar da sombra a essência do que sabemos. É disso que a escrita se ocupa. Não do que acontece aí, não das ações que se praticam aí, mas do aí em si. Aí, é esse o lugar e o propósito da escrita. Mas como chegar a ele?

    Sentimentos são como água, sempre adquirem a forma do meio que os circunda.

    Quando sua perspectiva de mundo se amplia, não mitiga apenas a dor que acarreta, mas também o sentido dessa dor.

    Sentido requer conteúdo, conteúdo requer tempo, tempo requer resistência. Conhecimento é distância, conhecimento é deixar-se estar e é inimigo do sentido.

    Quando sua perspectiva de mundo se amplia, não mitiga apenas a dor que acarreta, mas também o sentido dessa dor. Compreender o mundo requer que se mantenha uma certa distância dele. Ampliamos aquilo que é pequeno demais para ser visto a olho nu, como moléculas e átomos, enquanto minimizamos grandezas como formações de nuvens, deltas de rios, constelações. Somente ao trazer as coisas para a dimensão dos nossos sentidos é que somos capazes de fixá-las. E a essa fixação chamamos conhecimento. Ao longo de toda a infância e juventude lutamos para manter a distância adequada das coisas e dos fenômenos. Lemos, aprendemos, experimentamos, corrigimos. E aí um dia chegamos ao ponto em que todas as distâncias de que necessitamos foram determinadas, todos os sistemas de que necessitamos foram estabelecidos. É quando o tempo começa a passar mais rápido. Ele não encontra mais obstáculos, tudo está determinado, o tempo se esvai pela nossa vida, os dias passam num piscar de olhos, e, antes que nos demos conta do que está acontecendo, completamos quarenta, cinquenta, sessenta anos… Sentido requer conteúdo, conteúdo requer tempo, tempo requer resistência. Conhecimento é distância, conhecimento é deixar-se estar e é inimigo do sentido. A

    Compreender o mundo requer que se mantenha uma certa distância dele. Ampliamos aquilo que é pequeno demais para ser visto a olho nu, como moléculas e átomos, enquanto minimizamos grandezas como formações de nuvens, deltas de rios, constelações. Somente ao trazer as coisas para a dimensão dos nossos sentidos é que somos capazes de fixá-las. E a essa fixação chamamos conhecimento.

    Com ela eu tinha menos a perder, menos a temer, mas também menos a ganhar. Eu

    A única coisa que não envelhece no rosto são os olhos. Têm o mesmo brilho no dia em que nascemos e no dia em que morremos. Seus vasos sanguíneos podem se romper, é verdade, e as córneas podem se tornar baças, mas sua luz jamais se modifica. Há

    Quando Freddie Mercury morreu, a revelação chocante não foi a de que ele era gay, mas a de que era indiano.

    Meu pai preenchia os ambientes com inquietação, minha mãe os preenchia com doçura, paciência, melancolia e às vezes, quando voltava do trabalho exausta, com uma irritação leve, ainda que perceptível. Per, que nunca passara do hall de entrada, o preenchia com alegria, expectativa e submissão. Jan Vidar, até então o único que entrara no meu quarto além da minha família, o preenchia com obstinação, ambição e companheirismo. Era interessante quando várias pessoas se reuniam ali, pois no quarto não havia espaço para mais de uma influência, no máximo duas, e nem sempre a mais forte era a mais óbvia. A submissão de Per, por exemplo, a polidez com que tratava os adultos, era mais forte que a natureza lupina do meu pai, quando ele passava rapidamente diante da porta e acenava para Per com a cabeça. Mas

    Ela sorriu, ergueu-se na ponta dos pés e me beijou na boca. Eu a abracei forte, ela retribuiu e depois se esquivou. Trocamos um breve olhar e ela se foi. Naquela noite eu não consegui sossegar, fiquei andando pela casa, de um lado para o outro no quarto, subindo e descendo a escada, entrando e saindo dos cômodos do térreo. Parecia que eu era maior que o mundo, tudo cabia em mim, e já não havia espaço para eu me expandir. A humanidade era pequena, a história era pequena, o planeta era pequeno, sim, até o universo, que diziam ser infinito, era pequeno. Eu era maior que tudo. Aquele era um sentimento fantástico, mas me deixava inquieto, pois o mais importante nele era a expectativa, o que estava por vir, o que eu faria, e não o que eu estava fazendo ou já tinha feito.

    importava o quanto a vida tivesse sido árdua para ela nos últimos anos, isso constituía só uma parte diminuta de tudo que ela já tinha passado. Quando olhara para papai, ela vira o bebê, o menino, o adolescente, o rapaz, todo o caráter e todas as qualidades dele foram abarcados por aquele olhar, e, mesmo que ele estivesse bêbado a ponto de cagar nas calças deitado no sofá dela, aquele momento era tão breve, e ela tão idosa, que, comparado com o imenso período que mãe e filho passaram juntos, ele não tinha peso suficiente para se tornar a imagem que contava. O

    tinha quatro anos e nada no mundo era incompreensível, tudo estava ligado a tudo. Mas

    Depois de passar alguns meses num porão em Åkeshov, uma das muitas cidades-satélites de Estocolmo, escrevendo o que eu esperava que seria o meu segundo romance, com o metrô a alguns metros da

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