Por que Emanuel, de repente, resolve abandonar a cidade de São Paulo, maior metrópole brasileira, e empreender, a pé, o retorno à sua terra natal ? o Ceará ? revivendo, na prática, a inversão do anterior êxodo em busca do Sul maravilha?
O adverso percurso com peripécias vivenciadas e marcadas por inesperadas agressões que o destino parece armar contra Emanuel, no final de contas, são aspectos que transformam o relato numa espécie de romance policial às avessas, no qual o detetive termina por ser o próprio leitor.
Talvez por isso, a crítica literária espanhola Carmen Ruiz Barrionuevo tenha afirmado a respeito de A Volta de Emanuel: ?Cláudio Aguiar apresenta seu romance com rigorosa engrenagem e o leitor se encontra diante de um marcado relato confessional que testemunha uma vida, para a qual se utiliza o ponto de vista do próprio Emanuel; por essa razão nunca o leitor encontrará a descrição direta dos gravíssimos atos que se lhe imputam, ? o aleivoso assassinato de Louro ?, e se uma justificação implícita do gestor da ação, uma descarga de sua responsabilidade ao descrever as maldades múltiplas e variadas de seu amigo. Claro que o escritor brasileiro não inscreve seu romance num realismo simples e unívoco, ? erro no qual costumam cair alguns dos romances de testemunho ?, mas num contexto literário no qual se inscreve a ambiguidade: todos os personagens da obra são assim contemplados ou adivinhados pelo leitor em sua completa dimensão, em seus atos de bondade e de maldade, mantendo, inclusive, alguns desses numa nebulosa situação que os aproxima de forma mais real ao que constitui a vida. Pense-se, por exemplo, na personagem Januária: chegou a assassinar o seu marido?, estava enamorada de Louro? Quais eram seus interesses ao oferecer a quantidade de dinheiro a Emanuel? Januária, porém, só aparecerá no romance depois daquela noite trágica pela lembrança e sob os interessados pontos de vista: o de Louro e o de Emanuel. Por isso, sua personalidade não chega nunca a pleno conhecimento do leitor.?
O adverso percurso com peripécias vivenciadas e marcadas por inesperadas agressões que o destino parece armar contra Emanuel, no final de contas, são aspectos que transformam o relato numa espécie de romance policial às avessas, no qual o detetive termina por ser o próprio leitor.
Talvez por isso, a crítica literária espanhola Carmen Ruiz Barrionuevo tenha afirmado a respeito de A Volta de Emanuel: ?Cláudio Aguiar apresenta seu romance com rigorosa engrenagem e o leitor se encontra diante de um marcado relato confessional que testemunha uma vida, para a qual se utiliza o ponto de vista do próprio Emanuel; por essa razão nunca o leitor encontrará a descrição direta dos gravíssimos atos que se lhe imputam, ? o aleivoso assassinato de Louro ?, e se uma justificação implícita do gestor da ação, uma descarga de sua responsabilidade ao descrever as maldades múltiplas e variadas de seu amigo. Claro que o escritor brasileiro não inscreve seu romance num realismo simples e unívoco, ? erro no qual costumam cair alguns dos romances de testemunho ?, mas num contexto literário no qual se inscreve a ambiguidade: todos os personagens da obra são assim contemplados ou adivinhados pelo leitor em sua completa dimensão, em seus atos de bondade e de maldade, mantendo, inclusive, alguns desses numa nebulosa situação que os aproxima de forma mais real ao que constitui a vida. Pense-se, por exemplo, na personagem Januária: chegou a assassinar o seu marido?, estava enamorada de Louro? Quais eram seus interesses ao oferecer a quantidade de dinheiro a Emanuel? Januária, porém, só aparecerá no romance depois daquela noite trágica pela lembrança e sob os interessados pontos de vista: o de Louro e o de Emanuel. Por isso, sua personalidade não chega nunca a pleno conhecimento do leitor.?
