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    Assim Falava Zaratustra

    Por Friedrich Nietzsche
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    Citações de Assim Falava Zaratustra

    Terei que principiar por lhes destruir os ouvidos para que aprendam a ouvir com os olhos?

    Amo o que vive para conhecer, e que quer conhecer, para que um dia viva o Super-homem, porque assim quer o seu acabamento.

    “O homem é corda estendida entre o animal e o Super-homem: uma corda sobre um abismo; perigosa travessia, perigoso caminhar, perigoso olhar para trás, perigoso tremer e parar.

    Esse Jesus hebreu só conhecia ainda as lágrimas e a tristeza do hebreu, juntamente com o ódio dos bons e dos justos; por isso o acometeu o desejo da morte. Por que não ficou ele no deserto, longe dos bons e dos justos? Talvez houvesse aprendido a viver e a amar a terra e também o riso! Crede-me, meus irmãos! Morreu cedo demais! retratar-se-ia da sua doutrina se tivesse vivido até minha idade! Era bastante nobre para se retratar!

    O grande do homem é ele ser uma ponte, e não uma meta; o que se pode amar no homem é ele ser uma passagem e um acabamento.

    Eis aqui, todavia, o conselho que vos dou, meus amigos: desconfiai de todos os que sentem poderosamente o instinto de castigar! São pessoas de má raça e de má casta; por eles assomam o polícia e o verdugo. Desconfiai de todos os que falam muito da sua justiça! Não é só mel o que falta às suas almas. E se se chamam a si mesmos “os bons e os justos” não esqueçais que, agora, para serem fariseus só lhes falta… o poder.

    “Agora, meus discípulos, vou-me embora sozinho! Ide-vos, vós, sozinhos também! Assim o quero. Com toda a sinceridade vos dou este conselho: Afastai-vos de mim e precavei-vos contra Zaratustra! Melhor ainda: envergonhai-vos dele! Talvez vos haja enganado! O homem que reflexiona não só deve amar os seus inimigos, mas também odiar os seus amigos. Mal corresponde ao mestre aquele que nunca passa de discípulo. E por que não quereis arrancar a minha coroa? Venerais-me! Mas, que sucederia se uma vez caísse a vossa veneração? Cuidado, não vos esmague uma estátua!

    Supondo, todavia, que alguém dissesse seriamente que os poetas mentem demais, esse alguém teria razão: nós mentimos demasiado. Sabemos também pouco demais e aprendemos mal demais; por conseguinte, forçoso é mentirmos. Logo, quem entre nós, poetas, não terá adulterado o seu vinho? Muitas misturas envenenadas se têm feito em nossas tabernas: tem-se realizado nelas o indiscritível. E é por sabermos pouco que nos seduzem os pobres de espírito, especialmente quando são mulheres novas.

    Com o braço sobre a cabeça: eis como deveria repousar o herói; assim até deveria estar superior ao seu repouso. Mas, precisamente para o herói, a beleza é a mais difícil de todas as coisas. A beleza é inexequível para toda a vontade violenta. Um tanto mais, um tanto menos, esse pouco aqui é muito. Permanecer com os músculos inativos e a vontade desembaraçada é o que há de mais difícil para vós, homens sublimes. Quando o poder se torna clemente e desce ao visível, a essa clemência chamo eu beleza.

    Quando o poder se torna clemente e desce ao visível, a essa clemência chamo eu beleza.

    Há uma coisa impossível em qualquer parte, e essa coisa é a racionalidade. Um pouco de razão, um grão de sensatez, disperso de estrela em estrela, é a levadura indubitavelmente misturada a todas as coisas: por causa da loucura se acha a sensatez misturada a todas as coisas! Um pouco de sensatez é possível: mas eu encontrei em todas as coisas esta benfeitora certeza: preferem bailar sobre os pés do acaso. Ó! céu puro e excelso! A tua pureza para mim consiste agora em que não haja nenhuma aranha, nem teia de aranha eterna da razão: em seres um salão de baile para os azares divinos, uma mesa divina para os divinos dados e jogadores de dados.

    Eu vo-lo digo: é preciso ter um caos dentro de si para dar à luz uma estrela cintilante.

    Ai, homens! que pobreza e avareza a da vossa alma! Quando vós dais a vossos amigos eu quero dar também aos meus inimigos sem me tornar mais pobre por isso. Haja camaradagem. Haja amizade.” Assim falava Zaratustra.     OS

    Eis o que aprendi do sol, desse opulento sol de inesgotável riqueza que, ao pôr-se, derrama o seu ouro pelo mar; por isso, até os mais pobres pescadores remam com dourados remos!

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