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    Crepúsculo dos ídolos: (Ou como filosofar com o martelo): 1 (Conexões)

    Por Friedrich Nietzsche
    Existem 26 citações disponíveis para Crepúsculo dos ídolos: (Ou como filosofar com o martelo): 1 (Conexões)

    Sobre

    Crepúsculo dos ídolos (1889), último livro a ser publicado em vida pelo filósofo alemão, é, eminentemente, uma obra de maturidade. Como nos diz o próprio Nietzsche em seu ensaio autobiográfico intitulado Ecce homo, "esse escrito (Crepúsculo dos ídolos) que não chega a cento e cinqüenta páginas, fatal e sereno no tom, um demônio que ri, obra de tão poucos dias que hesito em dizer seu número, é a exceção entre os livros; nada existe de mais rico em substância, mais independente, mais demolidor - de mais malvado". Estas três qualificações o definem radicalmente. Ele é rico em substância - pois se aproxima das mais diversas configurações deste ídolo histórico chamado verdade -, independente e demolidor. Uma obra de exceção porque dá voz a esta composição tão caracteristicamente nietzschiana entre destruição e renovação. O seu subtítulo aponta para o sentido mais originário desta composição; ou como filosofar com o martelo. O martelo quebra a rigidez com que os ídolos (a verdade em suas múltiplas facetas) buscam se conformar de uma vez por todas. Ao quebrar esta rigidez, ele não aniquila simplesmente o que antes estava já constituído, mas devolve a ele sua vitalidade e sua graça.
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    Citações de Crepúsculo dos ídolos: (Ou como filosofar com o martelo): 1 (Conexões)

    Ser forçado a combater os instintos – essa é a fórmula da décadence: enquanto a vida ascende, felicidade é sinônimo de instinto.

    Porém, arrancar as paixões pela raiz significa arrancar a vida pela raiz: o procedimento da Igreja é hostil à vida…

    O verme se encolhe quando pisado. Uma atitude prudente. Diminui assim a probabilidade de ser pisado outra vez. Na linguagem da moral: humildade.

    onde se luta, luta-se por poder

    Reduzir algo desconhecido a algo conhecido alivia, acalma, satisfaz e, além disso, dá uma sensação de poder.

    minha ambição é dizer em dez frases o que qualquer outro diz num livro – o que qualquer outro não diz num livro…

    “Não mentirás” – falando claramente: evite dizer a verdade,

    liberdade exatamente no mesmo sentido em que entendo essa palavra: como uma coisa que se tem e não se tem, que se quer, que se conquista… 39.

    todos os velhos monstros morais são unânimes na opinião de que il faut tuer les passions.

    Eu vi seu instinto mais forte, a vontade de poder, eu os vi estremecer diante da violência indômita desse impulso – vi todas as suas instituições brotarem de medidas de proteção para se salvaguardarem mutuamente de seus explosivos interiores.

    Quem não sabe colocar sua vontade nas coisas, coloca nelas pelo menos um sentido: ou seja, acredita que já exista nelas uma vontade (princípio da “fé”).

    A “razão” na filosofia 1. Os senhores me perguntam quais são as idiossincrasias dos filósofos?… Por exemplo, sua falta de sentido histórico, seu ódio à própria ideia de devir, seu egipcianismo. Eles acreditam honrar uma coisa ao despojá-la de seu aspecto histórico sub specie aeterni[20] – ao fazer dela uma múmia. Tudo o que os filósofos manusearam há milênios foram múmias conceituais; nenhuma realidade escapou viva de suas mãos. Esses idólatras de conceitos matam e empalham quando adoram – tudo corre perigo de morte quando adoram. A morte, a mudança, a idade, assim como a geração e o crescimento, são objeções para eles – refutações inclusive. O que é não se torna; o que se torna não é…[21] Todos acreditam, até com desespero, no ser. Como, porém, não conseguem agarrá-lo, buscam as razões pelas quais são privados de possuí-lo. “Deve haver uma aparência, um embuste, que nos impede de perceber o ser: onde está o embusteiro?” – “Nós o apanhamos”, gritam radiantes, “é a sensibilidade! Esses sentidos, que aliás também são tão imorais, nos enganam acerca do mundo verdadeiro. Moral: livrar-se do engano dos sentidos, do devir, da história, da mentira – a história não passa de crença nos sentidos, de crença na mentira. Moral: negar tudo que crê nos sentidos, o resto da humanidade: ela não passa de ‘povo’. Ser filósofo, ser múmia, representar o monotonoteísmo fazendo uso de uma mímica de coveiro! – E fora, sobretudo, com o corpo, essa deplorável idée fixe dos sentidos! Esse corpo acometido por todos os erros de lógica existentes, refutado, até impossível, ainda que seja atrevido o bastante para se portar como se fosse real!…”

    O feio é entendido como um sinal e um sintoma de degenerescência: aquilo que lembrar degenerescência, por mais remotamente que seja, produz em nós o juízo “feio”.

    Ajude a si mesmo: então, todo mundo lhe ajudará. Princípio do amor ao próximo.

    De uma vez por todas, muitas coisas eu não quero saber. — A sabedoria traça limites também para o conhecimento.

    Juízos, juízos de valor acerca da vida, contra ou a favor, nunca podem ser verdadeiros, afinal; eles têm valor apenas como sintomas, são considerados apenas enquanto sintomas — em si, tais juízos são bobagens.

    Somos fecundos apenas ao preço de sermos ricos em antagonismos; permanecemos jovens apenas sob a condição de que a alma não relaxe, não busque a paz…

    Como? O ser humano é apenas um equívoco de Deus? Ou Deus apenas um equívoco do ser humano?

    Desconfio de todos os sistematizadores e os evito. A vontade de sistema é uma falta de retidão.

    Belo e feio. — Nada é mais condicionado, digamos limitado, do que nosso sentimento do belo. Quem quiser pensar sobre ele separado do prazer do ser humano com o ser humano logo verá o chão ceder sob os pés. O “belo em si” é uma mera expressão, não é sequer um conceito. No belo, o ser humano se coloca como medida da perfeição; em casos seletos, adora nele a si mesmo. Uma espécie não pode senão dizer Sim a si mesma desse modo. Seu instinto mais profundo, o da autopreservação e auto-expansão, ainda se manifesta em tais sublimidades. O ser humano acredita que o mundo está repleto de beleza — ele esquece de si mesmo como causa dela. Somente ele dotou o mundo de beleza, oh, de uma beleza muito humana, demasiado humana… No fundo, o ser humano se espelha nas coisas, acha belo tudo o que lhe devolve a sua imagem: o juízo “belo” é sua vaidade de espécie… Pois o cético pode ouvir uma leve suspeita lhe sussurrar esta pergunta: o mundo realmente se tornou belo pelo fato de o ser humano tomá-lo por belo? Ele o humanizou: isso é tudo. Mas nada, absolutamente nada nos garante que justamente o ser humano constitua o modelo do belo. Quem sabe como ele se sairia aos olhos de um mais elevado juiz do gosto? Talvez ousado? Talvez até divertido? Talvez um pouco arbitrário?… “Ó divino Dionísio, por que me puxas as orelhas?”, perguntou Ariadne ao seu filosófico amante, num daqueles célebres diálogos em Naxos. “Acho um certo humor nas tuas orelhas, Ariadne: por que não são elas ainda mais compridas?”.97

    Querendo-se um fim, é preciso querer também os meios:

    Pois não se pode excluir a dança, em todas as formas, da educação nobre; saber dançar com os pés, com os conceitos, com as palavras; ainda tenho que dizer que é preciso saber dançar com a pena — que é preciso aprender a escrever? — Mas nesse ponto eu me tornaria completamente enigmático para os leitores alemães…

    É decisivo, para a sina de um povo e da humanidade, que se comece a cultura no lugar certo — não na “alma” (como pensava a funesta superstição dos sacerdotes e semi-sacerdotes): o lugar certo é o corpo, os gestos, a dieta, a fisiologia, o resto é conseqüência disso… Por isso os gregos permanecem o primeiro acontecimento cultural da história — eles sabiam, eles faziam o que era necessário; o cristianismo, que desprezava o corpo, foi até agora a maior desgraça da humanidade.

    mas deve-se acrescentar que não temer o mais indigno também pode ser grandeza de alma.

    [É indigno dos grandes corações espalhar a perturbação que sentem]:

    as “dores da mulher no parto” santificam a dor em geral — todo vir-a-ser e crescer, tudo o que garante o futuro implica a dor… Para que haja o eterno prazer da criação, para que a vontade de vida afirme eternamente a si própria, tem de haver também eternamente a “dor da mulher que pare”…

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