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    Feliz por Nada

    Por Martha Medeiros
    Existem 15 citações disponíveis para Feliz por Nada

    Sobre



    ?Dentro de um abraço é sempre quente, é sempre seguro. Dentro de um abraço não se ouve o tic-tac dos relógios e, se faltar luz, tanto melhor. Tudo o que você pensa e sofre, dentro de um abraço se dissolve.? É com a força transformadora de um abraço que Martha Medeiros abre este novo livro de crônicas e é com a mesma singeleza e olhar arguto para o cotidiano que a escritora ilumina algumas das questões mais urgentes do século XXI. A destacada romancista, cronista e poeta, que já teve obras adaptadas para o cinema, para a tevê e para o teatro, fala aos leitores com a sinceridade de um amigo e materializa as angústias e os anseios da sociedade pós-tudo, que vive acuada sob o grande limitador do tempo. Nesta coletânea de mais de oitenta crônicas, Martha Medeiros aborda temas muito diversos e ao mesmo tempo muito próximos do leitor. A autora tem o dom para aproximar assuntos por vezes fugidios ? como é próprio do cotidiano ? de questões universais, como o amor, a família e a amizade, e criar lugares de reconhecimento para o leitor, como ao falar de Deus, dos romances antigos e novos, da mulher, de escritores e cineastas que são imortais, de se perder e se reencontrar, do que a vida oferece e muitas vezes se deixa passar. ?Feliz por nada?, afirma Martha Medeiros, é fazer a opção por uma vida conscientemente vivida, mais leve, mas nem por isso menos visceral.
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    Citações de Feliz por Nada

    Independência nada mais é do que ter poder de escolha. Conceder-se a liberdade de ir e vir, atendendo suas necessidades e vontades próprias, mas sem dispensar a magia de se viver um grande amor. Independência não é sinônimo de solidão. É sinônimo de honestidade: estou onde quero, com quem quero, porque quero.

    “Mas existe verdadeiramente outro rumo? Na verdade, só existe a direção que tomamos. O que poderia ter sido já não conta.”

    Amadurecer talvez seja descobrir que sofrer algumas perdas é inevitável, mas que não precisamos nos agarrar à dor para justificar nossa existência.

    “Para atingir a verdade, é preciso superar a seriedade da certeza”.

    “Eu, se fosse você, não terminava. Às vezes ficamos mais presas a um amor quando ele termina do que quando nos mantemos na relação”.

    Não importa a situação: saiu de casa, esforce-se.

    desrespeito quando uma pessoa faz questão de demonstrar que não compactua com a ocasião. São os casos daqueles que se emburram em torno de uma mesa de jantar e não fazem a menor questão de serem agradáveis. Pode ser num restaurante ou mesmo na casa de alguém: estão todos confraternizando, menos a “vítima”, que parece ter sido carregada para lá à força.

    preciso arregaçar as mangas agora. Então vamos lá: ninguém morre se caminhar três quadras em vez de usar o carro ou se procurar uma lixeira em vez de jogar a lata de refrigerante no meio da rua. E não é só consciência ambiental que precisamos exercitar, mas também uma consciência básica sobre a arte de conviver. Não é possível que as pessoas sigam sendo tão maldosas e ariscas, sempre alfinetando os outros, sempre interpretando erroneamente os bons atos e cultivando um complexo de perseguição que mina as relações.

    Só as pessoas de alma jovem e sadia é que entendem que a gente não vem ao mundo para sugá-lo, para retirar dele o suco possível e deixar para trás o nosso lixo. Encontramos o mundo de um jeito, ao nascer. É uma questão de honra que ele esteja melhor ao partirmos.

    Tenho uma visão bem individualista sobre o que torna o mundo mais habitável: cada um fazendo a sua parte já ajuda um bocado. Não estou falando apenas de contribuir com dinheiro para entidades carentes, adotar bichos de rua, doar sangue, mas também em cuidar do nosso humor, praticar a cortesia, aplaudir, elogiar – não há submissão nenhuma em ser positivo. Mas somos acomodados e preferimos esperar por soluções estabelecidas de cima para baixo, como se a nossa colaboração fosse inexpressiva.

    está de acordo com a máxima que diz que mais grave do que ter uma vida curta, é ter uma vida pequena.

    O sensato obedece regras ancestrais, como, por exemplo, dar valor ao que é emocional e desprezar o que é mesquinho. Ele não ocupa o tempo dos outros com fofocas maldosas e de origem incerta. Ele não concorda com muita coisa que lê e ouve por aí, mas nem por isso exercita o espírito de porco agredindo pessoas que não conhece. Se é impelido a se manifestar, defende sua posição com ideias, sem precisar usar o recurso da violência. O sensato não considera careta cumprir as leis, é a parte facilitadora do cotidiano. A loucura dele é mais sofisticada, envolve rompimento com algumas convenções, sim, mas convenções particulares, que não afetam a vida pública. O sensato está longe de ser um certinho. Ele tem personalidade, e se as coisas funcionam pra ele, é porque ele tem foco e não se desperdiça, utiliza seu potencial em busca de eficácia, em vez de gastar sua energia com teatralizações que dão em nada.

    Para se formar um ser humano, não adianta apenas ensinar física, biologia, história, matemática e demais matérias convencionais. Precisamos também ser especialistas em viajar, em se relacionar melhor, em consumir cultura, em ter uma visão menos ortodoxa de tudo que nos cerca. O material é farto e os resultados podem ser aplicados no dia a dia. Bem viver também faz parte da educação.

    Mesmo com poucas chances de sobrevivência, que se morra em combate. Sensatos, resistam. 31 de janeiro de 2010

    Isso me fez lembrar de um livro excelente chamado A elegância

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